Na última quinta (27), a Petrobras (PETR4) elegeu oito novos conselheiros, dos quais seis foram escolhidos pelo governo federal e dois por acionistas minoritários. A partir de agora, a estatal de fato estará mais alinhada com os interesses do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, como lembra o Bank of America (BofA), antes meses da eleição do novo conselho houve polêmicas em torno dos indicados pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Três dos conselheiros eleitos foram considerados inelegíveis pelo comitê interno da Petrobras.
Embora Pietro Mendes, Efrain Cruz e Sergio Rezende não tenham atendido aos requisitos da Lei das Estatais, devido a potenciais conflitos de interesse, eles foram eleitos ao novo conselho da petroleira. Fato que o BofA acredita poder afetar a empresa negativamente.
No entanto, isso não é exatamente uma novidade para a Petrobras. “Durante o mandato de Jair Bolsonaro, também foram eleitos dois membros considerados inelegíveis”, lembram os analistas.
Dividendos na mira
Não somente uma vez, mas inúmeras vezes desde que reassumiu o Executivo, o presidente Lula tem criticado a remuneração aos acionistas da estatal. O fato tem contribuído para as especulações de que pode haver uma mudança na política de dividendos da Petrobras.
Segundo os analistas do Goldman Sachs, nos últimos anos a Petrobras distribuiu 60% do fluxo de caixa livre como dividendos — o que tem sido um fator importante para a valorização das ações da empresa.
No entanto, uma mudança na política de remuneração aos acionistas pode levar a um pagamento menor de dividendos, o que pode prejudicar a avaliação da petroleira ante o mercado. Por outro lado, conforme lembram os analistas, a Assembleia da Petrobras confirmou o pagamento integral de dividendos.
“Vemos o pagamento [dos dividendos] como positivo, o que pode indicar a disposição do governo de potencialmente anunciar um novo dividendo junto com os resultados do 1T23, esperados para 11 de maio (possivelmente em cerca de 4,5 bilhões)”, pontuam.
Já os analistas do BTG Pactual avaliam que, apesar da preocupação com a mudança na política de dividendos, a Petrobras ainda tem perspectivas positivas. Isso porque há a possibilidade de valorização do petróleo e a redução da dívida, o que pode aumentar a distribuição de dividendos futuros.
Segundo o BTG, a Petrobras tem uma boa estrutura de custos e tem trabalhado para reduzir sua dívida, o que pode levar a um aumento na distribuição de dividendos futuros. Além disso, o aumento do preço do petróleo pode impulsionar a receita da empresa e melhorar ainda mais suas perspectivas.
Recomendação da Petrobras
Diante do novo conselho de administração da Petrobras, eleito na última semana, os analistas mantém as seguintes recomendações e preço-alvo para a estatal:
- Bank of America: neutro, a US$10,50 o ADR;
- Goldman Sachs: neutro, a R$ 25,50 e US$ 10,60 o ADR;
- BTG Pactual: neutro, a US$11,50 o ADR.