Nova política para indústria precisa alcançar o ‘chão da fábrica’, defende Abiplast
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) destacou a importância da novo plano para indústria em fomentar o desenvolvimento da manufatura no País. A medida foi anunciada no final de janeiro pelo governo e prevê incentivos para fomentar os setores industriais, como o segmento químico, automotivo, de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, entre outros.
Um dos pontos destacados pela entidade como positivo diz respeito à política de depreciação acelerada, que traz incentivos para a renovação de maquinários em dois anos, ante dez. “A depreciação acelerada que há anos era esperada, assim como metas claras e, sobretudo transparente, podem nos encaminhar para o avanço sobremaneira de nossa produtividade e competitividade”, informou em nota.
O presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o setor de plástico vai aproveitar a oportunidade oferecida pelo governo para redobrar os esforços com foco no aumento da competitividade dos produtos nacionais. Quanto aos desafios, o executivo mencionou que é importante o desenvolvimento de metas de curto, médio e longo prazos em conjunto com políticas de governança capazes de monitorar a efetividade dos incentivos.
“Em termos de desafios, é fazer com que os programas e incentivos realmente cheguem no chão da fábrica e impactem na produtividade e competitividade da indústria”, afirmou Roriz.
O representante da indústria produtora de plástico também destacou a renovação do Reiq (Regime Especial da Indústria Química), que atinge diretamente o setor químico, mas também beneficia de forma indireta o segmento de plásticos.
Em meio ao retorno do incentivo industrial, o porta-voz da Abiplast defende a criação de um “Reiq” para a reciclagem, que teria a sigla adaptada para “Reic” (Regime especial para a indústria de reciclagem de plásticos). O objetivo da medida, segundo Roriz, é fomentar a atividade de reciclagem e criar uma identidade tributária para produtos reciclados. O executivo também defende a instituição de créditos presumidos de impostos de forma a combater a bitributação dos reciclados.
“A depreciação acelerada também resultará em incentivo para investir em uma indústria que já vem com fortes investimentos previstos, de R$ 42,3 bilhões nos próximos quatro anos, considerando essas necessidades de adequações e desenvolvimento de novos produtos com critérios de circularidade, investimentos em reciclagem (mecânica e química), logística reversa e novos materiais”, encerrou o executivo.
Indústria: nova política terá baixo impacto nas contas públicas, diz UBS BB
O repaginado programa de política industrial Nova Indústria Brasil não deverá impactar as contas do governo federal muito além do previsto no Orçamento, segundo o UBS BB.
Em relatório avaliando o novo mapa industrial, o banco UBS BB não acredita que o plano terá um grande impacto prontamente.
“Nós não esperamos um impacto grande a médio prazo, principalmente porque o Tesouro não pretende financiar mais o BNDES“, afirmaram os analistas da casa.
A contribuição do BNDES para o PIB do Brasil vem caindo relevantemente, de 10% em meados de 2010 para cerca de 2,5% a 4,0% hoje.
R$ 300 bi em crédito e subsídios acentuam receio com quadro fiscal
Economistas são críticos ao formato do plano, e apontam para a volta da política de estímulo à industrialização iniciado no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que priorizou empresas de setores específicos na chamada política de “campeãs nacionais”. O anúncio teve também impacto no mercado, contribuindo para a queda de 0,81% do Ibovespa, principal índice da Bolsa, e a alta de 1,23% do dólar (a R$ 4,98). Analistas falaram em risco de agravamento do quadro fiscal, no momento em que a meta da equipe econômica de fechar as contas deste ano com déficit zero já é vista com desconfiança.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, rebateu as críticas e defendeu a volta do investimento estatal, alegando que outros países também estão nessa trilha, enquanto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, citou uma “criminalização” ao apoio do governo para o desenvolvimento industrial. “Qual nação desenvolvida não está fazendo isso hoje em dia?”, questionou.
Duas ausências chamaram quase tanta atenção quanto as cifras bilionárias: Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento. Os dois ministros, de perfil mais fiscalista, ficaram debruçados sobre os números do Orçamento de 2024 – sancionado por Lula ontem, no último dia do prazo. Uma reunião com o ministra do Planejamento fez com que Lula e Costa chegassem quase uma hora atrasados ao evento. Ao fim, o presidente afirmou que eles tiveram “uma discussão ruim sobre coisas boas”. Lula afirmou que os R$ 300 bilhões são um “alento” para a indústria “dar um salto de qualidade”. “O nosso problema era dinheiro. Se dinheiro não é problema, então, nós temos de resolver as coisas com muito mais facilidade”, disse Lula, ao cobrar os ministros para que apresentem resultados.
Com Estadão Conteúdo