Nova Oi (OIBR3): venda da InfraCo marca início de um nova fase; veja os desafios

Como era esperado, o BTG Pactual (BPAC11) venceu o leilão e levou 51% da InfraCo por R$ 12,92 bilhões. O evento, realizado na última quarta-feira (7), marca o início de uma nova fase da Oi (OIBR3) em sua trajetória de retomada.

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Os grandes riscos que a Oi enfrentava ficaram para trás, mas o caminho pela frente é desafiador.

Segundo especialistas, a empresa encontra-se em uma posição diferentes das demais empresas que entram em recuperação judicial.

A maior parte das companhias em situações delicadas similares podem reduzir suas dívidas e enxugar as operações em prol da própria sobrevivência. A Oi optou por focar em fibra ótica, o que implica necessariamente em massivos investimentos.

“É uma história de enxugamento do endividamento, ao mesmo tempo em que os investimentos não podem ter seu ritmo reduzido. É, sem dúvida, um desafio”, comenta o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter.

Veja os próximos passos da Oi

Por mais que o cenário levante dúvidas, a empresa já tem se preparado para os próximos passos.

O presidente da tele, Rodrigo Abreu, já disse que pretende investir R$ 5 bilhões por ano principalmente em casas passadas (HPs), mas também em casas conectadas (HCs), serviços voltados para empresas (B2B) e tecnologia de manutenção.

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“Temos números aproximados de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões por ano em Capex da InfraCo e um dos principais aspectos de investimentos são as casas passadas”, disse o CEO em abril. Naquele mês, a operadora informou que ampliou sua meta para atingir 32 milhões de casas passadas até 2025.

Esteter afirma que, na visão dele, o processo está sendo bem executado. “Vejo com bons olhos o posicionamento da empresa com visão de longo prazo. Imagino que a Oi estará bem posicionada no mercado de fibra futuramente.”

Os últimos movimentos da companhia foram sinais de desalavancagem importantes. Antes, a empresa atacava várias frentes, onde a capacidade operacional era interessante, “mas financeiramente as atividades eram muito fracas”.

Agora, com a execução sendo bem-sucedida, a Oi deve ter uma capacidade financeira condizente com a necessidade de expansão que promete ter.

“Os grandes riscos para a companhia estão ficando no passado e o caminho a ser trilhado é factível, embora desafiador”, comenta o analista. A corretora mantém a recomendação de compra das ações da empresa, com preço-alvo de R$ 3.

Na próxima semana, a Oi divulgará o plano estratégico para o triênio 2022-2024. Os investidores seguem atentos ao caminho que a companhia visa pavimentar para a retomada da liderança do mercado, onde está esteve um dia.

Entenda a trajetória até aqui

Em seu processo de recuperação judicial, a Oi elencou como prioridade a venda de grupos de ativos para enxugar o endividamento. No fim de março, as obrigações estavam na ordem de R$ 43,9 bilhões, em valor de face.

Desde novembro de 2020, a companhia alienou quatro grandes ativos, pela compensação de R$ 30,7 bilhões. São eles:

  • Torres móveis à Highline do Brasil (R$ 1,07 bilhão);
  • Data centers à Piemonte Holding (R$ 325 milhões);
  • Telefonia móvel ao consórcio de empresas do setor (R$ 16,5 bilhões);
  • Parte da Fibra ótica ao BTG (R$ 12,9 bilhões).

A venda de parte do capital da InfraCo não estava prevista no plano de recuperação judicial original, aprovado pelos credores em dezembro de 2017. A operação foi viabilizada por alterações no plano autorizadas em uma segunda assembleia, em setembro do ano passado.

Agora, a empresa procura uma vida nova, com uma operação mais eficiente e focada em fibra ótica. A Oi é a terceira entre as quatro maiores companhias do setor no País a atrair um sócio para seu negócio de fibra.

Abertura de capital da InfraCo está na mesa

De acordo com o jornal O Globo, o BTG pretende abrir o capital da InfraCo. Além disso, fundos geridos pelo banco de investimento estariam planejando aportar cerca de R$ 30 bilhões na companhia, até 2030.

A Telefônica (VIVT3), que tem o fundo canadense Caisse de dépôt et placement du Québec, estima que o parceiro invista até R$ 1,8 bilhão na joint venture FiBrasil. A TIM (TIMS3), por sua vez, vendeu 51% da FiberCo por R$ 1,63 bilhão à multinacional IHS.

Vale ressaltar que empresas de fibra ótica estão sendo altamente demandadas pelo mercado.

A maior provedora regional de internet do Brasil, a Brisanet, já tem uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em curso, o que deve avaliar a empresa em R$ 5 bilhões.

Outras empresas que cogitam a abertura de capital ou já deram início aos trabalhos são a paulista Desktop; a Vero, da Vinci Partners; além da EB Fibra.

Assertivamente, a Oi optou por um mercado que mostra-se aquecido, embora necessite de massivos investimentos operacionais.

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Jader Lazarini

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