A Notre Dame Intermédica (GNDI3) esclareceu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que não informou ao mercado antes sobre a combinação de negócios com Hapvida (HAPV3) por entender que a operação era apenas de “interesse social”.
A Notre Dame foi questionada pela CVM sobre a veracidade das notícias veiculadas na mídia sobre uma possível fusão com a Hapvida e os motivos pelos quais a companhia “entendeu não se tratar o assunto de fato relevante“.
Em resposta à autarquia, a empresa esclareceu que “a manutenção em sigilo da existência da proposta era, na sua avaliação, no interesse social e que esta não deveria ser objeto de divulgação voluntária, em razão de seu caráter não vinculante e, ainda, por estar sujeita à avaliação e, potencialmente, negociação pela administração da companhia, de forma que a combinação de negócios mencionada na notícia é incerta”.
Apesar de declarar que é incerta a combinação de negócios, na última sexta-feira (8), a Notre Dame e a Hapvida confirmaram ao mercado que estavam em processo de negociação para uma possível fusão. A informação foi divulgada após a publicação do colunista do jornal “O Globo”, Lauro Jardim.
A Hapvida irá realizar hoje às 15h uma teleconferência para comentar sobre as negociações publicamente.
Proposta de fusão da Notre Dame e Hapvida
Segundo o documento de confirmação, divulgado pela Notre Dame, a negociação prevê que a Hapvida permanecerá com suas ações negociadas no Novo Mercado da B3, sendo que os atuais acionistas da companhia e da GNDI passarão a deter, respectivamente, 53,1% e 46,9% da empresa.
Outra alteração prevista é que a Hapvida contaria com nove membros, sendo dois indicados pela GNDI, dois independentes e cinco indicados pelos acionistas da companhia, além da intenção de manutenção do atual CEO da Notre Dame.
Além disso, “apesar de acreditar no potencial mercadológico da Companhia [Hapvida], para continuar sendo autônoma e líder no segmento brasileiro da saúde, estaria, como sempre estará, disposto a avaliar toda e qualquer proposta que potencialmente possa gerar valor para a Companhia e seus acionistas”.
Vale ressaltar que as duas empresas realizaram numerosas aquisições nos últimos meses. Diante disso, confira as compras anunciadas pela Hapvida no segundo semestre de 2020:
- Por R$ 1,5 bilhão: O Grupo Promed
- Por R$ 150 milhões: A operadora de planos de saúde Premium Saúde
- Por R$ 45 milhões: O Grupo Santa Filomena
- Por R$ 29 milhões: A carteira de beneficiários da Plamheg, e acordo de compra da gestora do Hospital Nossa Senhora Aparecida, em Anápolis (GO)
Enquanto no último semestre do ano passado a Notre Dame adquiriu:
- Por R$ 1 bilhão: A OSI Brasil, controladora da Medisanitas Brasil
- Por R$ 170 milhões: O Grupo Serpram
- Por R$ 70 milhões: A Lifeday Planos de Saúde
- Por R$ 48,5 milhões: O Hospital e Maternidade Santa Brígida
Além disso, a Notre Dame informou em setembro do último ano sobre seu aumento do capital social, de R$ 120,2 milhões, realizado por meio da subscrição de 6.094.325 ações ordinárias.