Ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn tem liberdade negada
O ex-presidente da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn obteve um pedido de liberdade sob fiança negado pelo Tribunal de Tóquio nesta terça-feira (15).
Preso desde novembro, acusado de violação das leis financeiras e de uso indevido de bens da fabricante de veículos, Carlos Ghosn liderou a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Na última sexta-feira (11), Ghosn foi indiciado novamente pela Promotoria japonesa por violação de confiança agravada pela suspeita de transgressão da legislação financeira.
A prisão do executivo foi prorrogada na mesma data, e a previsão é de que ele prossiga encarcerado até o julgamento, previsto para ocorrer em 6 meses.
A família de Carlos Ghosn considera pedir proteção diplomática ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty).
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Acusações contra Carlos Ghosn
Aos 64 anos, Carlos Ghosn está preso em Tóquio desde 19 de novembro de 2018. O ex-presidente da Nissan alegou inocência e disse que foi injustamente acusado e detido.
As acusações contra Ghosn são:
- Sonegação de renda: a Promotoria japonesa diz que o ex-presidente da Nissan declarou apenas metade do que recebeu entre os anos de 2010 e 2015. O brasileiro teria ocultado US$ 44 milhões (R$ 172 milhões). Na última sexta-feira (11), Ghosn foi formalmente denunciado por sonegar informações acerca da sua renda real também entre 2015 e 2018.
- Transferência de prejuízos pessoais para a Nissan: a Promotoria alega abuso de confiança por parte do executivo, que transferiu temporariamente perdas de investimento pessoal para a Nissan em 2008. Ghosn, por sua vez, afirma que agiu com “a aprovação dos diretores da Nissan”. O brasileiro disse que pediu à empresa para assumir, de forma temporária, a garantia de seus contratos de câmbio durante a crise financeira global de 2008. Ainda conforme Ghosn, a única outra alternativa à esta ação seria renunciar e usar os recursos de sua aposentadoria como garantia. De acordo com o G1, o valor aproximado que a Nissan assumiu por Ghosn é de US$ 16,6 milhões.
- Uso pessoal de imóveis comprados pela Nissan: uma investigação interna da multinacional revelou que uma subsidiária montada na Holanda, que supostamente financiava investimentos de capital de risco, foi utilizada para comprar ou alugar imóveis corporativos, nos quais o executivo se hospedava quando viajava. Dos quatro imóveis identificados em quatro países diferentes, um fica no Rio de Janeiro.
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Fusão da Nissan com a Renault
Com a pauta da fusão entre a Renault e a Nissan rolando em 2018 – a Renault possui 43,4% da Nissan, e a Nissan possui 15% da Renault – e a maioria do Conselho da Nissan sem consentir a fusão das aliadas, a possibilidade de uma conspiração contra o brasileiro não é descartada.
A condução da investigação de Ghosn tornou-se editorial do “The Wall Street Journal” (WSJ) na última quarta-feira (09). O WSJ chamou o caso de um dos “mais estranhos no mundo dos negócios”.
“Essa aliança incomoda cada vez mais os japoneses; é possível presumir que a inquisição sobre Carlos Ghosn seja parte de um esforço japonês para dissolver a aliança montada pelo executivo”, escreveu o jornal.
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Justiça japonesa
O caso Ghosn tem atraído a atenção de todo o mundo por conta das regras do sistema judiciário japonês serem incomuns: a audiência que ocorreu na terça-feira (08) tinha por objetivo principal explicar ao réu, pela primeira vez e de forma oficial, a razão de sua prisão. Isso 50 dias após sua detenção.
A lei japonesa ainda permite até três interrogatórios por dia, todos sem a presença de um advogado.
Além das regras incomuns do sistema judiciário japonês, o brasileiro também lida com a possibilidade de uma conspiração.
A equipe de advogados de Carlos Ghosn afirmou em entrevista coletiva que a maneira mais viável para que o executivo deixe a prisão, sob fiança, é admitindo a culpa.