Apesar do NFT (token não-fungível, em português) existir desde 2012, esse assunto virou pauta mundial depois que um único arquivo jpeg foi vendido por US$ 69 milhões.
Esse arquivo consiste em um mosaico de uma obra do artista digital Mike Winkelmann, mais conhecido como Beeple, onde ele fez uma compilação de obras que criou durante 5000 dias – Everyday ‘s: The First 5000 Days. Além de toda a fama e atenção que isso trouxe ao artista – que se tornou o dono da terceira obra de arte mais cara vendida por um artista vivo -, o NFT entrou em pauta, explica Luciano Mathias, CCO da TRIO, Hub de Criação e Produção de Conteúdo Audiovisual.
Depois dele, ainda tiveram outros exemplos de “colecionáveis” que foram vendidos por muito dinheiro, o que chamou atenção da população mundial, principalmente da comunidade artística.
O token não-fungível é uma espécie de certificado digital, estabelecido via blockchain, que define originalidade e exclusividade a bens digitais, ou seja, é impossível de ser substituído. Eles estão sendo desenvolvidos em diversas indústrias, sendo as principais de jogos, artes e colecionáveis.
Entre os formatos possíveis para o NFT, estão imagens, músicas, vídeos, tweets, textos, gifs, cinemagraphs.
O princípio da escassez digital
De acordo com o CCO da TRIO, “desde o advento da Internet, vivemos um fenômeno chamado Abundância Digital. Esse fenômeno se refere à facilidade que os internautas têm para acessar e muitas vezes replicar conteúdos quase que ilimitadamente. Com isso, gerou-se a percepção de que o custo de armazenamento e transferência de dados é quase zero”.
“Até agora, os recursos digitais tinham a possibilidade de existir sem limitação. Para fazer isso, só era preciso fazer uma cópia exata deles. Dessa forma, um recurso que era único pode crescer e ser reproduzido exponencialmente até atingir o infinito. Só que, nesse contexto, ao final da cadeia, o recurso acaba perdendo valor, como vimos acontecer com música, fotografia, memes, etc”.
Para Mathias, essa situação é negativa tanto para o recurso quanto para quem o criou. Por exemplo, um escritor pode criar um livro digital e inicialmente vendê-lo a um preço de US$ 10. No entanto, quando o recurso começa a ser copiado de forma incontrolável e distribuído de forma peer to peer, ele começa a perder valor. No fim, serão tantos exemplares que o valor teórico do livro seria zero. Situação desfavorável para o autor que poderia ver seu esforço sem remuneração e reconhecimento por essa “Abundância digital”, explica.
Desta forma, a escassez digital, que é o que o NFT propõe. “Assim, o bem deve ter uma existência limitada e exclusiva. Isso garante que o acesso ao referido livro não pode ser infinito, garantindo um valor adequado para ele e seu criador em todos os momentos. Conseguir isso gerou longas discussões e pesquisas sobre tecnologias que tentam atingir esse objetivo. Os NFTS têm como princípio gerar essa Escassez Digital, por isso são muito importantes daqui por diante”.
NFTs internacionais:
Diante disso, confira alguns NFTs do exterior que ficaram mais conhecidos:
Gucci – Aria
A grife italiana Gucci está vendendo uma NFT recém-criada inspirada em sua coleção outono / inverno 2021 em um leilão online organizado pela Christie’s.
O NFT extrai de Aria um filme de quatro minutos produzido pela cineasta Floria Sigismondi e o diretor criativo da Gucci, Alessandro Michele, para acompanhar um desfile. Os rendimentos da venda serão doados ao UNICEF EUA para apoiar a iniciativa COVAX da organização sem fins lucrativos, que apoia o acesso global às vacinas contra a Covid-19.
Meme “cão desconfiado”
Uma foto de 2010 de uma cadela da raça Shiba inu e, posteriormente, um dos memes mais viralizados da internet, se tornou na última semana um dos arquivos digitais mais caros já vendidos.
A imagem foi arrematada no dia 11 de junho por 1.696,9 ethereum. O valor equivale a US$ 4 milhões ou R$ 20,5 milhões e deixa para trás outros memes famosos leiloados recentemente, como por exemplo a foto de uma menina na frente de uma casa pegando fogo e do vídeo de um bebê mordendo o irmão que rodou telas do mundo todo, com o título no youtube de “Charlie bit my finger”. A primeira levou o equivalente a US$ 473 mil e, o segundo, US$ 761 mil.
Tweet de Jack Dorsey
Em março deste ano, o primeiro tweet publicado pelo CEO do Twitter, Jack Dorsey, em 2006 foi arrematado por US$ 2,9 milhões, cerca de R$ 15,9 milhões, graças ao registro digital que garante a origem e a propriedade do item comprado.
NFTs brasileiros:
Apoiadores Bolsonaro
Os apoiadores do Bolsonaro criaram o Bolsonaro Coin, um NFT que terá a verba arrecadada usada para apoiar a candidatura do presidente em 2022.
Felipe Neto
A agência de conteúdo do Youtuber lançou uma plataforma para compra e venda de NFTs no início do mês. A primeira coleção custa R$ 100 e inclui pacote com 250 cards relacionados ao canal do Felipe Neto.
Músicas do cantor Bezerra da Silva
A onda dos NFTs também chegou à música popular brasileira. Os direitos autorais de 86 músicas do cantor Bezerra da Silva passam a ser negociados em frações disponíveis para fãs e investidores. Serão ofertados 153 music shares (nome dado aos NFTs musicais) ao preço de R$ 1 mil, que representam 50% dos direitos autorais do artista.
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