Ainda antes de divulgar seu pacote de assinatura com propaganda, a Netflix (NFLX34) abriu diálogo com as maiores agências de publicidade do Brasil. Segundo informações do Estadão, os pacotes de veiculação de publicidade são de até R$ 20 milhões.
O plano com propaganda na Netflix deve custar R$ 18,90, sendo uma versão mais barata em relação às demais modalidades de assinatura – que variam conforme a quantidade de telas e outros benefícios.
As negociações de anúncios da Netflix ficaram a cargo da Xandr, a empresa subsidiária da Microsoft (MSFT34). Como estratégia, a companhia buscou dialogar inicialmente com as agências de publicidade, e não diretamente com os anunciantes.
As marcas tiveram até 30 de setembro para informar seu interesse em participar dos anúncios. Mesmo com o teto de investimentos em R$ 20 milhões, as empresas não terão um valor mínimo a ser aportado.
No entanto, o streaming determinou que contratos fossem fechados para um prazo de 11 meses, com início em novembro.
Diferentemente de outros serviços de vídeo com publicidade por interrupção, na Netflix os usuários que aderirem ao pacote com anúncios não poderão “pular” o vídeo publicitário.
De acordo com o plano de mídia enviado pela Netflix às agências, a veiculação de anúncios será dividida em dois espaços principais, no início e no meio da exibição de filmes e séries, com uma frequência de marca limitada a uma vez por hora e três vezes por dia – garantindo, conforme o documento, uma repetição mínima da mensagem.
No caso de séries, tanto as originais Netflix quanto as produções licenciadas, os anúncios serão veiculados no início e no meio do conteúdo, respectivamente, em vídeos de 15 ou 30 segundos. Para os filmes, a veiculação de publicidade estará limitada às produções originais da companhia, com anúncios que antecedem o início do conteúdo, também com 15 ou 30 segundos.
Na avaliação de Jaime Troiano, da Troiano Branding, apesar de trazer uma nova ferramenta de veiculação de anúncios no País, a Netflix escolheu um modelo antigo, que aposta na interrupção do conteúdo para o assinante.
“Durante muito tempo tivemos esse movimento das agências e anunciantes. Depois eles perceberam que podiam ter um processo maior de integração da marca, com menos de interrupção”, afirma.
Ainda segundo o especialista da Troiano Branding, os anunciantes vão preferir pagar o preço mais alto pelo espaço e testar o serviço do que correr o risco de ficar de fora e ver os concorrentes se beneficiando da ferramenta. “É uma aposta que as marcas terão de fazer”, destaca.
Clube da Netflix
Para membros do meio publicitário ouvidos pela reportagem, a gigante do streaming trouxe os pacotes de publicidade com preço “salgado” que destoa do que se pratica no Brasil.
Mesmo assim, os anunciantes pretendem experimentar a nova plataforma para avaliar a oportunidade de dialogar com o público do streaming – e entender se vale, ou não, pagar o preço. Em uma das principais agências do País, pelo menos 80% dos clientes decidiram comprar espaços na Netflix.
Para 2023, a Netflix deve ampliar as opções de espaços de veiculação de anúncios, que levarão em conta produtos “premium” do seu próprio catálogo, como a série Stranger Things, que poderão ter preços diferenciados, e a possibilidade de segmentação do público por renda e interesses. Procurada pela reportagem, a Netflix não comentou.
Com informações do Estadão Conteúdo