Desde 1986, o empresário Nelson Tanure acumula uma vasta história de envolvimento com empresas à beira da falência. Recentemente, o empresário ficou sob os holofotes do noticiário corporativo brasileiro por causa da tentativa de melar a venda da Oi (OIBR3) às rivais Tim (TIMS3), Vivo Telefônica (VIVT3) e Claro. Mas, afinal, quem é Nelson Tanure e por que ele quer empatar a negociação da Oi?
Tanure entrou na Oi em 2016, ano em que a gigante de telecomunicações fez o primeiro pedido de recuperação judicial. Apesar do expressivo número de clientes no País, a companhia acumulava R$ 64,5 bilhões em dívidas.
Após o aditamento da recuperação judicial, em outubro de 2020, a telecom formou 5 Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), divisões de parte dos ativos da empresa de forma a facilitar suas vendas às empresas interessadas.
Segundo apuração da coluna Capital, do jornal O Globo, Tanure tem atuado para atrapalhar a venda da Oi às concorrentes porque a Copel Telecom e Sercomtel – empresas controladas por ele – têm interesse em fazer uma proposta alternativa. O problema é que as empresas não conseguiriam cobrir o lance atual de R$ 16,5 bilhões.
Por isso, a melhor saída encontrada por Tanure seria a pressão nos órgãos reguladores para suspender o aval à venda da Oi, ou, pelo menos, atrasar o suficiente para que expire o prazo de recuperação judicial da gigante das telecomunicações, em março deste ano.
Ontem, surgiu a notícia de que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) poderia anular a aprovação da venda dos ativos móveis da Oi (OIBR3) às rivais por causa de uma série de erros na análise do processo.
Um dos problemas levantados: o conselheiro Emmanoel Campelo, que atuava como presidente interino na agência, deveria ter convocado a superintendente mais antiga, Elisa Leonel, para presidir a sessão que analisou o caso no dia 28 de janeiro.
E, na reunião de 31 de janeiro, Campelo deveria ter chamado Wilson Diniz Wellisch, que já estava na condição de presidente interino da Anatel.
Também pesou a decisão de ignorar pedido de vista do conselheiro Vicente Bandeira de Aquino Neto, o que adiaria a discussão do colegiado para 10 de fevereiro. Por ordem de Campelo, o encontro acabou sendo convocado no dia 1º, quando o processo foi aprovado por unanimidade.
Para Tanure, mais do que comprar uma divisão inteira da Oi – conforme o desenho atual -, interessam os pedacinhos da empresa, em especial no Paraná e na região Norte, onde o empresário conseguiu outorgas no leilão 5G com as companhias que controla.
A fim de que isso aconteça seria preciso que houvesse empecilhos suficientes para forçar uma alteração de desenho do plano de venda com o aval dos credores. A dúvida, entretanto, é o que sobraria da operadora até lá.
Nesta quarta-feira (9), 0 Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve decidir sobre a venda dos ativos móveis da Oi para as concorrentes TIM, Vivo e Claro, após reunião extraordinária e urgente ontem com representantes da Anatel.
Segundo O Globo, a autarquia deve aprovar a venda dos ativos móveis da Oi mas com uma série de restrições e condições, que, dependendo da quantidade e o tipo de exigências a serem feitas pelo Cade, podem forçar a desistência das três operadoras.
O Suno Notícias tentou contato com as empresas ligadas a Tanure, Copel Telecom e a Sercomtel, mas não obteve resposta.
Além da Oi, Tanure também está envolvido em briga com minoritários da Alliar
Além da disputa com as concorrentes da Oi, o empresário também se envolveu recentemente em uma briga com os acionistas minoritários do Centro de Imagem Diagnósticos, sob o nome Alliar (AALR3).
Apesar de o Cade ter aprovado sem restrições, em 20 de janeiro, a compra de parte das ações da Alliar pela gestora MAM Asset Management, Vladimir Timerman, fundador e gestor da Esh Capital e parte do bloco minoritário da Alliar, questiona a validade da negociação.
Entre os argumentos, Timerman destaca dois pontos que entende serem importantes: o primeiro é a tentativa de alienação de controle da companhia por Tanure sem uma oferta pública de ações, conforme ditaria o regramento das empresas listadas no segmento de Novo Mercado da B3 (B3SA3).
O segundo é o prêmio pago ao grupo majoritário na forma de opção de venda. “A put é um benefício adicional e tem um valor econômico facilmente calculável”, afirma Timmerman. “Como um suborno, uma oferta de vantagem em troca de os controladores não entregarem as ações”, disse.
Além da Oi, Tanure já foi acionista do estaleiro Emaq, da construtora Gafisa, da petroleira HRT, atual PetroRio (PRIO3), e do jornal Gazeta Mercantil, todas empresas em situação falimentar ou com dificuldades nas contas.