A Natura (NTCO3) está em contato com bancos para fechar uma assessoria financeira na transação da venda de fatia na Aesop, já visada há meses. Atualmente a companhia conversa com o Bank of America e o Morgan Stanley, segundo fontes disseram à Bloomberg.
A venda da Aesop pela Natura já era discutida há meses, com rumores de um possível IPO ou spin-off dos papéis.
Além de chamar atenção de grandes fundos de private equity, como o CVC Capital Partners, e também de grandes concorrentes de produtos de luxo, como a L’Occitane e a Shiseido.
As fontes falaram à Bloomberg que a ideia do IPO foi abandonada após a percepção do mercado de capitais acerca da transação.
Isso, pois vender uma fatia minoritária na Aesop seria operacional e regulatoriamente mais fácil.
Contudo, vale lembrar que as discussões com os bancos ainda está em estágio inicial e pode sofrer alterações.
A estimativa do BTG Pactual (BPAC11), é que o valor de mercado da Aesop é de cerca de R$ 9 bilhões, considerando o mesmo múltiplo de pares globais.
Itaú BBA vê movimento como “ligeiramente positivo”
Em relatório enviado ao mercado, os analistas do Itaú BBA destacaram que o desinvestimento na Aesop “pode ser positivo para a Natura&Co porque desalavancaria o ativo, alinharia a gestão da Aesop e potencialmente levaria o P/L de curto prazo a um nível mais palatável”.
“Acreditamos que a disposição da Natura de avaliar a venda para um parceiro estratégico, em vez de um potencial IPO, aumenta a probabilidade de conclusão do negócio, dadas as atuais condições desafiadoras do cenário macroeconômico”, destacaram os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes.
Os parceiros estratégicos podem querer pagar menos pelo ativo, o que é um risco a ser monitorado com antecedência. Acreditamos que o mercado está avaliando a Aesop em torno de R$ 8 bilhões, mas pode existir um risco de alta ou baixa nesse número.
Entenda a ‘novela’ da venda da Aesop pela Natura
Ainda em outubro a Natura comunicou que estuda a possibilidade de realizar uma reestruturação em seus negócios e, com isso, realizar o IPO da Aesop nos Estados Unidos, ou realizar uma operação de spin-off – termo utilizado para designar quando uma empresa ‘nasce’ de outra, deixando de integrar a estrutura societária da empresa-mãe.
Os papéis NTCO3 dispararam mais de 10% no intradia do pregão que sucedeu o comunicado.
Em ocasiões anteriores, a companhia havia negada a possibilidade de vender a marca The Body Shop ou realizar a cisão da Aesop – que é a marca de luxo da holding.
“O IPO vem sendo avaliado nos últimos meses como uma alternativa para financiar o crescimento acelerado da Aesop e a administração da Natura &Co tem tomado medidas para viabilizá-lo”, disse a companhia, em fato relevante à época.
A Natura também havia reforçado que essa operação de spin-off ou de IPO da Aesop deve ocorrer “na medida em que for do melhor interesse da Natura&Co, e após a conclusão de uma reorganização societária que pode exigir aprovações de acionistas, credores e reguladores”.
Tanto nessas possibilidades quanto em uma eventual venda de fatia minoritária, os negócios da Aesop continuariam sendo liderados por seu CEO, Michael O’Keeffe, que lidera a companhia enquanto vinculada à Natura.