A Natura (NTCO3) anunciou nesta quarta (30) ao mercado a conclusão de venda da Aesop para a L’Oréal.
A venda da Aesop consistiu em uma transação de US$ 2,58 bilhões (R$ 12,5 bi) anunciada ainda em meados de abril.
A aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) veio em maio.
A L’Oréal Austrália, integralmente detida pela L’Oréal, deve adquirir a totalidade do capital social e votante da Natura Brazil Pty, holding detentora do Grupo Aesop atualmente detida pela Natura Cosméticos.
Na outra ponta, a Natura deve incrementar o caixa e remar na direção da desalavancagem financeira, posicionando a empresa com um foco no seu core business e também na integração dentro da América Latina.
A superintendência do Cade afirma que a Aesop não é uma marca significativa no segmento de beleza e cuidados pessoais no Brasil, independentemente da definição de mercado relevante considerada.
“O aumento de concentração de mercado resultante da operação proposta é, em todos os cenários analisados, desprezível e não desperta quaisquer preocupações concorrenciais”, diz o parecer.
Veja último balanço da Natura
A companhia Natura apurou prejuízo líquido de R$ 732 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado negativo foi 4,6% menor do que o apresentado no mesmo período do ano passado.
O Ebitda da Natura (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por sua vez, foi de R$ 753 milhões, alta de 25,8% ante o reportado de abril a junho de 2022.
A receita líquida consolidada da Natura, por sua vez, foi de R$ 7,8 bilhões, uma queda de 4,1% sobre o segundo trimestre do ano anterior. Se considerada variação porcentual em moeda constante, porém, houve alta de 1,9% nesse indicador.
Conselho autoriza estudo para venda da unidade The Body Shop
O conselho de administração da Natura & Co Holding autorizou a diretoria da companhia a estudar alternativas estratégicas para a The Body Shop, subsidiária da Natura, incluindo uma potencial venda deste negócio.
Segundo o documento publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não há qualquer garantia de que a autorização concedida irá resultar em uma transação.
“A Natura não pretende comentar ou fornecer atualizações sobre esse assunto, a menos que ou até que determine que uma divulgação adicional é apropriada ou necessária com base nos fatos e circunstâncias”, diz o fato relevante.
Em relação à unidade The Body Shop, um dos desafios tem sido reequilibrar a distribuição para adotar o digital e atacado, simplificar o portfólio e revitalizar a diferenciação da marca.
“O crescimento de curto prazo é limitado pelo ambiente macroeconômico e pelos níveis de estoque subótimos. No entanto, o gerenciamento rigoroso de custos tem proporcionado margens mais altas (excluindo os custos de reestruturação), uma tendência que esperamos que continue”, afirma o Itaú BBA em relatório.
Itaú BBA recomenda compra e projeta upside de 35%
O Itaú BBA manteve recomendação de compra para as ações da Natura (NTCO3), após ver sinais de melhoria na rentabilidade. Para os analistas, a unidade de negócios da Natura na América Latina é um dos principais impulsionadores da geração de valor para o futuro da empresa.
“Embora ainda não tenhamos clareza sobre quando a The Body Shop e a Avon International retomarão o crescimento, elogiamos os esforços da empresa e vemos sinais iniciais de melhoria na rentabilidade”, diz o BBA.
Segundo analistas, a integração com a Avon abrirá caminho para um maior rentabilidade por causa da otimização do portfólio dentro de Home & Style e CFT (Comércio, Fragrâncias e Higiene Pessoal), melhorando os retornos.
O BBA, no entanto, destaca riscos associados com a integração como desalavancagem operacional. “Como a implementação da Fase 2 está prevista para ser concluída apenas até o final de 2024, e os custos associados estão em jogo, esperamos que as margens de Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) se tornem muito mais saudáveis a partir desse momento, atingindo cerca de 17% até o final de 2027.”
Dessa forma, atualizando as estimativas do segundo trimestre de 2023 e a fase dois de integração com a Avon, o banco recomenda compra das ações, com preço-alvo de R$ 21. O potencial de valorização é de 35% no preço atual.
Nesta quarta (30) as ações da Natura fecharam em queda de 1,54%, a R$ 15,38.
Cotação NTCO3