As ações de Natura (NTCO3) fecharam em alta nesta quinta-feira (20), liderando as altas do Ibovespa, com o Itaú BBA sinalizando melhora na lucratividade de suas unidades de negócios, além de fornecer perspectivas positivas para a marca após a conclusão da segunda onda de integração com a Avon.
No fechamento, as ações de Natura subiram 4,96%, cotadas a R$ 16,72. No acumulado de 2023, os papéis da companhia sobem cerca de 38%.
Cotação NTCO3
Em análise após a segunda onda de integração com a Avon, o Itaú BBA pontuou que continua ver a unidade de negócios Natura &Co LatAm como o principal driver de geração de valor para a empresa daqui para frente.
Além disso, embora não tenha clareza sobre quando a The Body Shop e a Avon International retomarão o crescimento, o banco elogiou os esforços da empresa e enxerga sinais iniciais de melhora na lucratividade.
Unidades de negócios
No curto prazo, os analistas esperam que a Natura &Co LatAm sustente sua tendência de expansão da margem bruta ano a ano, embora com volatilidade na margem Ebitda devido à segunda onda.
“A marca Natura entra em sua próxima fase de crescimento em outros países da América Latina, principalmente naqueles onde a marca Avon é bem conhecida, gerando alavancagem operacional e proporcionando margens brutas na América Latina que, ao longo do tempo, se aproximam dos níveis alcançados no Brasil, cerca de 70%”, disseram.
Em relação à The Body Shop, o Itaú BBA espera que a marca continue a enfrentar um ambiente macroeconômico desafiador este ano, afetando negativamente seu crescimento. Mas os analistas acreditam em uma melhora gradual na rentabilidade, principalmente devido a iniciativas de redução de custos.
Sobre a Avon International, o banco acredita que a unidade de negócios continue registrando queda ano a ano na receita de primeira linha, embora menores do que as observadas no primeiro trimestre de 2023. O Itaú BBA prevê, no entanto, expansões ano a ano na margem bruta nos próximos trimestres, mas com rentabilidade volátil devido à desalavancagem operacional pela qual está passando.
“Embora consideremos o foco da empresa em mercados-chave (e lucrativos) como uma estratégia sensata, nosso cenário de caso-base sugere que, ao longo do tempo, essa unidade de negócios reduzirá seu investimento na marca e sua participação no mix de receita do grupo diminuirá”, disse o banco.
O Itaú BBA acredita que, no caso da Aesop, empresa australiana adquirida pela Natura em 2012 e vendida à L’Oreal por US$ 2,53 bilhões em abril, a alíquota do imposto sobre ganhos de capital é a última questão-chave para a unidade de negócios.
“Assumimos uma alíquota de imposto de 10% sobre o ganho de capital e partimos do pressuposto de que uma parcela significativa dos recursos da venda da Aesop não está protegida, uma vez que a Natura &Co possui dívida denominada de aproximadamente US$ 1,8 bilhão e a cobertura tem implicações fiscais”.
O Itaú BBA tem recomendação “outperform” para as ações de Natura, equivalente a “compra”, com preço-alvo a R$ 21,00.
A alta da Natura no Ibovespa também foi influenciada por outro relatório: o Bradesco BBI elevou o preço-alvo para um valor ainda mais elevado que o estimado pelo BBA – de R$ 16 para R$ 25. Os analistas do BBI argumentam que o valuation da empresa, comparado a concorrentes globais, está barato.
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Segundo o Itaú, embora a marca Natura já seja líder de mercado em várias categorias de produtos na América Latina, o banco acredita que, após a conclusão da segunda onda, a companhia poderá se beneficiar da presença consolidada da marca Avon em países como México, Peru e Colômbia para aumentar sua participação no mercado.
“Dito isso, não será fácil para a Avon recuperar a fatia de mercado que perdeu nos últimos anos”, pontuou. A instituição estimou que a margem bruta consolidada da marca Natura chegue a 70% em 2027, com margens ligeiramente superiores no Brasil e inferiores em outros países. Neste mesmo ano, o Itaú estima que a Natura atingirá uma margem operacional de 16,1%.
Já para a marca Avon na América Latina, o banco estima uma margem operacional de 9,2% em 2027, próximo aos níveis que a marca tinha alguns anos antes de ser adquirida pela Natura em 2019.
“Sinalizamos que a maior parte dessa melhora na margem operacional viria de margens brutas muito mais saudáveis, e a unidade de negócios já registrou uma margem bruta de aproximadamente 58% no primeiro trimestre deste ano (em comparação com quase 36% de margem bruta em 2022).