A Natura (NTCO3) negou na noite de quinta-feira (15) as informações publicadas no jornal Valor Econômico a respeito da reestruturação da companhia. Teria sido noticiado que a empresa estaria avaliando um spin-off da Aesop, que tem tido melhor desempenho, e uma possível venda da The Body Shop.
A holding disse, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que seu conselho de administração não está conduzindo qualquer estudo para uma possível cisão da unidade Aesop ou venda da The Body Shop.
Desta forma, as ações da Natura passaram a cair nesta sexta (16), às 15h45 operando em -10,17%, cotada a R$ 15,01.
A empresa reiterou que está reorganizando a holding com o objetivo de aumentar a responsabilidades de cada uma de suas unidades de negócios, com a tentativa de realizar a transição para uma estrutura mais simples. De acordo com os analistas do Itaú BBA, isso também pode gerar ganhos de eficiência.
“Embora seja cedo para quantificar os benefícios potenciais da estrutura corporativa mais enxuta, administração negou a potencial venda de ativos internacionais em seu comunicado ao mercado”, diz o relatório do BBA.
“Dito isso, dada a nossa crença de que a recente reavaliação das ações (aumento de cerca de 13% nos últimos sete dias) foi impulsionado principalmente por essa expectativa, não ficaríamos surpresos se o movimento fosse pelo menos parcialmente revertida nos próximos pregões”, completam.
O Itaú BBA tem a classificação de outperform para a Natura, com preço justo a R$ 40.
Natura está “muito barata para ser ignorada”, diz XP
A Natura (NTCO3) está sendo negociada com um desconto de cerca de 33% com relação aos seus pares globais, na visão da XP Investimentos.
O preço da ação da Natura faz com que a companhia esteja “muito barata para ser ignorada”, segundo a casa.
Em relatório divulgado ao mercado, o time liderado por Danniela Eiger mapeou os possíveis cenários de reorganização para a Natura, tendo em vista três principais pontos.
O primeiro deles é a combinação da Natura e a Avon Internacional em uma única unidade de negócio.
“Acreditamos que este seja um dos movimentos mais prováveis da empresa”, dizem.
A separação da Aesop é o segundo ponto.
Apesar de os analistas acreditarem que a operação destravaria valor, uma vez que enxergam a Aesop má precificada dentro do atual valuation da Natura com sua baixa representatividade no Ebitda consolidado, os analistas não acreditam que o “timing” seja ideal.
“A Aesop está iniciando um ciclo de investimentos para entrar na China, o que deve pressionar a rentabilidade no curto-prazo. Isso ocorre enquanto a China enfrenta um cenário macro desafiador por causa das revisões negativas para o PIB, após lockdowns recentes, combinados com uma crise dos setores de energia e imobiliário”, justificam.
O terceiro e último ponto envolve a venda da The Body Shop. Para a XP, a possível venda do ativo é positiva, dado que o movimento reduziria complexidades para a Natura. “Embora não vejamos compradores em potencial, acreditamos que fundos de Private Equity possam ser os mais prováveis”, afirma a XP.