A Natura (NTCO3) está estudando a possibilidade de um IPO (oferta inicial de ações) de sua subsidiária, Aesop, de luxo e bem-estar, sediada na Austrália, no mercado acionário americano.
O IPO seria uma alternativa para financiar o crescimento acelerado da Aesop e dar maior autonomia e responsabilidade às suas marcas e unidades de negócios, disse a Natura.
Além disso, a Natura também estuda uma possível “spin-off” da Aesop, separando-se do grupo, que poderia ser seguido do IPO.
Na avaliação da XP Investimentos, o IPO destravaria valor para a Natura, apesar de não ser no melhor timing. “Além disso, enxergamos esse comunicado como o primeiro movimento de reorganização da nova gestão da NTCO, possivelmente abrindo caminho para novos anúncios”, descreveu.
Os analistas da XP reiteraram recomendação de “compra” para as ações da Natura.
Os analistas lembram que a Aesop está passando por um ciclo mais pesado de investimento para entrar na China, com pressão na rentabilidade no curto prazo e a China e os Estados Unidos enfrentam cenários macro desafiadores.
Além disso, os analistas especulam que a NTCO LatAm e Avon Internacional podem ser fundidas em uma só unidade de negócios, pois não faz sentido existirem duas unidades da Avon, e que a TBS pode ser vendida, o que seria positivo, reduzindo complexidade da empresa.
A Aesop foi adquirida pela Natura em 2013, com 65% de participação acionária, incorporada completamente depois em 2016.
Em 2021, a Aesop reportou R$ 2,6 bilhões em receita, com 6,5% das vendas consolidadas da Natura, e R$ 622 milhões de Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), com 16% do Ebitda consolidado da Natura, segundo informações do BTG Pactual.
Visão do BTG
“Embora a estrutura final da Aesop ainda não esteja clara, esperamos que essa potencial mudança desbloqueie valor para os acionistas da Natura (e uma reação positiva nos próximos dias)”, disse o BTG Pactual, saudando os esforços da administração da Natura para simplificar sua estrutura em meio ao cenário adverso.
O BTG também vê que a Natura está reconhecendo que um potencial desinvestimento de ativos pode ser um gatilho significativo para desbloquear valor no ativo.
“Mas esta ainda é uma opção binária, com incerteza na avaliação e no momento”, concluíram os analistas do BTG.
Assim o BTG reiterou sua recomendação “neutra” para os papéis, com o semestre ainda desafiador, com margens pressionadas e receita líquida fraca. Além disso, a perspectiva de alta taxa de juros e a alavancagem da Natura oferecem pouco espaço para uma melhora no resultado, disse o BTG.
Ações da Natura sobem 9%
As ações da Natura subiram 9,62% no pregão desta terça-feira (18), cotadas a R$ 14,24.