Natura (NTCO3): analistas recomendam compra das ações e veem upside de 35%; veja análise
O Itaú BBA manteve recomendação outperform, equivalente a compra, para Natura (NTCO3), após ver sinais de melhoria na rentabilidade. Para analistas, a unidade de negócios da Natura na América Latina é um dos principais impulsionadores da geração de valor para o futuro da empresa.
“Embora ainda não tenhamos clareza sobre quando a The Body Shop e a Avon International retomarão o crescimento, elogiamos os esforços da empresa e vemos sinais iniciais de melhoria na rentabilidade”, diz o BBA.
Segundo analistas, a integração com a Avon abrirá caminho para um maior rentabilidade por causa da otimização do portfólio dentro de Home & Style e CFT (Comércio, Fragrâncias e Higiene Pessoal), melhorando os retornos.
No entanto, o BBA destaca que há riscos associados com a integração como desalavancagem operacional. “Como a implementação da Fase 2 está prevista para ser concluída apenas até o final de 2024, e os custos associados estão em jogo, esperamos que as margens de Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) se tornem muito mais saudáveis a partir desse momento, atingindo cerca de 17% até o final de 2027.”
Dessa forma, atualizando as estimativas do segundo trimestre de 2023 e a fase dois de integração com a Avon, o banco recomenda compra das ações, com preço-alvo de R$ 21. O potencial de valorização é de 35% no preço atual.
“Nossa análise pressupõe um custo médio ponderado de capital (WACC) de 11,6% e uma taxa de crescimento de longo prazo de 3,5%. Agora vemos a empresa sendo negociada a 5,2x EV/Ebitda em 2024.”
O que esperar das unidades de negócios da Natura?
Para a unidade de negócio Avon, analistas preveem uma melhora na rentabilidade. No curto prazo, a expectativa é que a Avon continue apresentando números fracos de receita na linha superior. um dos motivos é os ajustes contínuos no modelo comercial. “A estimativas de receita para 2023 e 2024 permanecem inalteradas em R$ 6,9 bilhões e R$ 7,2 bilhões, respectivamente.”
“No entanto, entendemos que o objetivo principal desta unidade de negócios é aumentar as margens, um objetivo que tem sido alcançado com sucesso”, explicam a equipe do BBA.
Em relação a The Body Shop, um dos desafios tem sido reequilibrar a distribuição para adotar o digital e atacado, simplificar o portfólio e revitalizar a diferenciação da marca. Para a unidade são esperadas receitas para 2023 e 2024 de R$ 4,1 bilhões e R$ 4,5 bilhões.
“O crescimento de curto prazo é limitado pelo ambiente macroeconômico e pelos níveis de estoque subótimos. No entanto, o gerenciamento rigoroso de custos tem proporcionado margens mais altas (excluindo os custos de reestruturação), uma tendência que esperamos que continue”, afirma o BBA.
Analistas projetam melhora na rentabilidade
Nos números consolidados, informa o BBA, excluindo a Aesop dos cálculos, a estimativa é de receita mais baixas para os próximos anos em comparação com projeções anteriores, principalmente devido a expectativas menores para a Natura & Co e a The Body Shop.
A partir disso, a estimativa é de receitas líquidas consolidadas de R$ 32,7 bilhões para 2023 e R$ 32,9 bilhões para 2024.
“Para a unidade de negócios da Natura & Co na América Latina, estamos adotando uma postura mais conservadora em relação ao crescimento da receita, dadas os resultados iniciais e riscos associados à sua implementação. Como resultado, revisamos nossas estimativas de receita líquida para R$ 21,7 bilhões para 2023 e R$ 21,3 bilhões para 2024”, projeta o BBA.
Dado o foco da empresa em melhorar a rentabilidade, as estimativas de margem bruta consolidada aumentaram em 190 pontos-base em 2023 e 170 pontos-base para 2024, cerca de 65,6% e 66,5%, respectivamente.
Por fim, o BBA projeta resultado líquido ajustado de R$ 1,1 bilhão em 2024.
Prejuízo da Natura no 2T23 é de R$ 732 mi
A Natura apurou prejuízo líquido de R$ 732 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado negativo foi 4,6% menor do que o apresentado no mesmo período do ano passado.
O Ebitda da Natura, por sua vez, foi de R$ 753 milhões, alta de 25,8% ante o reportado de abril a junho de 2022.
A receita líquida consolidada da Natura, por sua vez, foi de R$ 7,8 bilhões, uma queda de 4,1% sobre o segundo trimestre do ano anterior. Se considerada variação porcentual em moeda constante, porém, houve alta de 1,9% nesse indicador.
A margem bruta foi de 65,4%, em alta de 430 pontos-base (bps). Já a margem Ebitda ajustada foi de 9,7%, um aumento de 230 pbs na comparação com o mesmo período do ano passado. Para a companhia, o resultado da Natura no 2T23 reflete melhorias de margem em todas as três unidades de negócio, Natura &Co América Latina, Avon Internacional e The Body Shop, além de uma queda de 5,7% nas despesas corporativas. O grupo fechou o trimestre com uma posição de caixa de R$ 3,7 bilhões.
O CEO da companhia, Fabio Barbosa, afirmou que o desempenho “continua a apresentar as melhorias já observadas no primeiro trimestre, com crescimento de um dígito baixo da receita líquida em moeda constante, e uma melhora significativa na margem Ebitda ajustada”. “Isso foi impulsionado principalmente pela margem bruta, que se beneficiou dos efeitos de mix de produtos, mas foi parcialmente compensada por investimentos e pela inflação”, escreveu o executivo.
Ele pontuou ainda que o lucro líquido seguiu “impactado por um alto nível de despesas financeiras, que serão endereçadas na conclusão da venda da Aesop, prevista para ocorrer no terceiro trimestre deste ano”.
Vendas da Natura na América Latina
As vendas líquidas de Natura &Co América Latina cresceram 5,8% em moeda constante (CC), e caíram 1,7% em reais. O crescimento em moeda constante foi impulsionado por um crescimento de duplo dígito da Natura (19,5% em CC e 17,3% em reais).
A empresa afirma que a marca Natura apresentou forte impulso, com crescimento de 14,7% no Brasil, sustentado por um aumento nos preços e por um melhor mix de produtos, bem como pelo aumento da produtividade das consultoras, que foi de 12,5% no trimestre, e pelo excelente desempenho do varejo, marcado principalmente pelas campanhas de Dia das Mães e Dia dos Namorados.
A receita da Avon Internacional caiu 1,3% em moeda constante (-8,1% em reais). A margem Ebitda ajustada foi de 4,4%, em alta de 110 pbs, impulsionada por uma expansão de 460 pbs na margem bruta, graças ao aumento de preços e ao mix de produtos.
A receita líquida da The Body Shop no segundo trimestre caiu 12,5% em moeda constante (12% em reais). As vendas combinadas dos principais canais de distribuição (lojas, e-commerce e franquias) mostraram um declínio de meio dígito em moeda constante, enquanto o canal The Body Shop At Home também continuou a declinar de maneira acentuada.
A margem Ebitda ajustada melhorou 210 pbs, chegando a 5,4%. “A The Body Shop segue focada na redução de custos estruturais enquanto trabalha para melhorar margem e geração de caixa“, afirma a empresa. A Aesop, por sua vez, foi classificada como operação descontinuada enquanto a Natura &Co aguarda o fechamento da venda para a L’Oréal.
Com Estadão Conteúdo