O Itaú BBA avalia que o acordo da Natura (NTCO3) sobre a exclusividade para potencial venda da The Body Shop demonstra o esforço da companhia em simplificar sua estrutura organizacional. Segundo o BBA, o potencial das vendas pode ter impacto positivo nas ações. Dessa forma, a casa recomenda compra da NTCO3.
Nesta segunda-feira (30), a Natura celebrou um acordo de exclusividade com a Aurelius Investment Advisory Limited, dono de negócios como a rede Lloyds Pharmacy, visando a potencial venda da The Body Shop, marca inglesa de cosméticos, produtos de beleza e perfumes da fabricante brasileira.
“Nossa opinião sobre é neutra, já que isso era em certa medida esperado. Essa notícia destaca o compromisso da Natura & Co em priorizar a venda da The Body Shop”, ressalta o BBA.
A equipe do BBA estima que o valor patrimonial da The Body Shop chegue a US$ 200 milhões, considerando o preço atual das ações. No entanto, o BBA ressalta que alguns investidores projetam valores mais altos, entre US$ 300 a 400 milhões.
“Dependendo do valor patrimonial anunciado, esperamos que esse desenvolvimento sirva como um gatilho para o desempenho das ações”, explica
O BBA reitera recomendação de compra das ações na Natura, com preço-alvo de R$ 21. As ações estão cotadas hoje a R$ 12,45.
Natura assina acordo para potencial venda da The Body Shop
A Natura celebrou um acordo de exclusividade com a Aurelius Investment Advisory Limited visando a potencial venda da The Body Shop.
Segundo fato relevante divulgado nesta segunda-feira (30), a Natura disse que “os termos e condições da potencial venda estão sendo negociados e não há garantia de que a operação será concluída”.
No fim de agosto, a The Body Shop recebeu autorização do conselho de administração para que a diretoria comece a busca por “alternativas estratégicas”, incluindo a possibilidade de venda.
A The Body Shop atua principalmente na Europa. Recentemente, rumores sobre a venda da unidade já vinham sendo explorados por bancos de investimento.
A Natura concluiu a aquisição da The Body Shop, da L’Oreal, em 2017 por um valor estimado em 1 bilhão de euros. Criada em 1976, a The Body Shop possui cerca de 2,8 mil lojas em mais de 70 países.
No 2T23, a The Body Shop teve uma queda anual de 12,5% no faturamento em câmbio, para R$ 800,3 milhões.
No fim de agosto, a Natura anunciou ao mercado a conclusão de venda da Aesop para a L’Oréal, em uma transação de US$ 2,58 bilhões (R$ 12,5 bi) anunciada ainda em meados de abril.
Prejuízo no 2T23 foi de R$ 732 mi
A Natura apurou prejuízo líquido de R$ 732 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado negativo foi 4,6% menor do que o apresentado no mesmo período do ano passado.
O Ebitda da Natura (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por sua vez, foi de R$ 753 milhões, alta de 25,8% ante o reportado de abril a junho de 2022.
A receita líquida consolidada da Natura, por sua vez, foi de R$ 7,8 bilhões, uma queda de 4,1% sobre o segundo trimestre do ano anterior. Se considerada variação porcentual em moeda constante, porém, houve alta de 1,9% nesse indicador.
A margem bruta foi de 65,4%, em alta de 430 pontos-base (bps). Já a margem Ebitda ajustada foi de 9,7%, um aumento de 230 pbs na comparação com o mesmo período do ano passado. Para a companhia, o resultado da Natura no 2T23 reflete melhorias de margem em todas as três unidades de negócio, Natura &Co América Latina, Avon Internacional e The Body Shop, além de uma queda de 5,7% nas despesas corporativas. O grupo fechou o trimestre com uma posição de caixa de R$ 3,7 bilhões.
O CEO da companhia, Fabio Barbosa, afirmou que o desempenho “continua a apresentar as melhorias já observadas no primeiro trimestre, com crescimento de um dígito baixo da receita líquida em moeda constante, e uma melhora significativa na margem Ebitda ajustada”. “Isso foi impulsionado principalmente pela margem bruta, que se beneficiou dos efeitos de mix de produtos, mas foi parcialmente compensada por investimentos e pela inflação”, escreveu o executivo.
Ele pontuou ainda que o lucro líquido seguiu “impactado por um alto nível de despesas financeiras, que serão endereçadas na conclusão da venda da Aesop, prevista para ocorrer no terceiro trimestre deste ano”.
Ainda conforme o CEO, o segundo trimestre do ano da Natura foi um marco pelo início da “Onda 2” de integração entre Natura e Avon na América Latina, começando com o Peru e a Colômbia, que, segundo o executivo, “já demonstraram resultados iniciais bastante satisfatórios”.
“Ao entrarmos no segundo semestre, nosso foco se volta para o lançamento da Onda 2 no Brasil. Estamos satisfeitos com os aprendizados iniciais do Peru e da Colômbia, e estamos confiantes de que eles nos ajudarão a entregar resultados sólidos para o nosso maior mercado na região, e a outros que se seguirão”, afirmou Barbosa, no release de resultados.
Desempenho anual das ações da Natura
Cotação NTCO3