Natura (NTCO3): banco reduz (e muito) o preço-alvo, mas ações disparam. O que houve?
O BB Investimentos atualizou suas premissas para a ação da Natura (NTCO3), incorporando os resultados do 2T22. O banco manteve a recomendação “neutra” para a Natura e cortou o preço-alvo do final de 2023 para R$ 20,40 – anteriormente previa R$ 29,10.
No relatório, o BB-BI detalha que ação da Natura caiu cerca de 7% nos últimos 30 dias, refletindo o reação negativa com os resultados do 2T22. O ativo acumula queda de cerca de 40% desde o início do ano.
Entretanto, no fechamento do pregão desta quarta-feira (24), a ação da Natura subiu mais de 8%, cotada a R$ 16, o que elevou o desempenho do papel dos últimos 30 dias, para um ganho de 4,10%.
Os papéis subiram na esteira da divulgação do IPCA -15 nesta quarta-feira (24), que registrou deflação de 0,73%. Junto com a Natura, a Magazine Luiza (MGLU3) subiu 8,4% e a CVC (CVCB3), com alta de 11%, ficaram na ponta positiva do pregão.
“O cenário de deflação, mesmo tendo vindo levemente mais brando do que o esperado, acabou animando os ativos de varejo em geral, incluindo a Natura, por exemplo”, explicou Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed para o Suno Notícias.
O mercado esperava queda de 0,81% no IPCA-15, diz Marcelo. “Ainda assim, o cenário de deflação indica que o Banco Central não precisará mais subir os juros, o que incentiva o crédito e o setor de varejo.”
Segundo a analista Georgia Jorge, a revisão do valuation da Natura pelo BB Investimentos contempla:
- Incorporação dos resultados do 2T22, o que implicou na redução de receita e margens estimadas para 2022;
- Revisão de premissas macroeconômicas, com redução da inflação projetada para 2022, mas elevação da taxa de juros desde a última revisão de preço.
- Nova redução das premissas de crescimento da marca Avon e na divisão The Body Shop diante da piora do cenário macroeconômico na Europa e ajustes que vêm sendo implementados na operação da Avon;
- Postergação em um ano do atingimento do guidance de receita líquida (entre R$ 47 – 49 bilhões).
Na avaliação do BB-BI, o preço corrente do papel da Natura reflete a desconfiança por parte dos investidores quanto à capacidade de a empresa em recuperar as unidades de negócios, Avon International e The Body Shop, que estão apresentando baixo desempenho.
No curto-prazo, a analista compreende que as ações da Natura devem continuar pressionadas diante da persistência inflacionária na Europa, com impacto negativo do conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia.
O banco optou por manter uma visão mais “conservadora” para os papéis da Natura, adotando uma curva de recuperação mais lenta e gradual.
“Nesse contexto, e considerando um destravamento de valor após os resultados do Grupo [Natura] sinalizarem que as iniciativas ora em curso estão contribuindo positivamente, optamos por manter a recomendação em neutra”, concluí.
Além disso, o BB-BI pontua que as prioridades da Natura, neste momento, consistem em definir melhor o papel e expectativas para cada unidade de negócios, elevar ainda mais a responsabilidade de cada unidade de negócios com marcos e entregas claras, e melhorar a alocação de capital e conversão de caixa, mantendo rigorosa disciplina financeira.