Multinacionais do Brasil são responsáveis por 24% das exportações do País
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as multinacionais brasileiras concentraram, em 2019, 24% de todas as exportações do País. Essa fatia era de 18% em 2001, e de 21%, em 2013. O levantamento da confederação mostra que a participação dessas companhias em valor comercializado tem crescido mais do que as demais indústrias não internacionalizadas.
O estudo da CNI comparou a evolução das exportações de 41 grupos empresariais brasileiros que controlam e operam unidades fora do Brasil, com a totalidade do valor exportado pela indústria de transformação do País, entre 2001 e 2020. A pesquisa demonstrou que na maior parte do período em questão, as multinacionais brasileiras tiveram desempenho melhor que a dos demais tipos de indústrias.
Nos primeiros oito anos, enquanto as vendas externas das empresas internacionalizadas subiram 18,8% ao ano, as empresas restantes apresentaram um crescimento anualizado de 17,4%. Entre 2008 e 2013, os avanços ficaram na ordem de 4% e 2,2%, respecivamente.
Já entre 2016 e 2019, período que abrange o fim da recessão brasileira, as multinacionais elevaram suas exportações em 0,4% ao ano, enquanto as demais indústrias de transformação caíram 3,2% ao ano. O único período em que as multinacionais apresentaram um pior desempenho foi durante a crise econômica, entre 2013 e 2016, que caíram 6,9% ao ano, enquanto as demais recuaram 6,5% ao ano.
Multinacionais industriais superam indústrias nacionais
Com exceção ao setor de veículos, que sobretudo na segunda metade da última década sofreu com a crise econômica nos países latino-americanos, as multinacionais industriais brasileiras têm apresentado taxas de crescimento das exportações superiores que as apresentadas pela indústria nacional. No estudo, as multinacionais brasileiras foram divididas em seis setores:
- Produtos alimentícios;
- Celulose e papel;
- Produtos químicos;
- Metalurgia;
- Aparelhos e materiais elétricos;
- Veículos automotores.
As exportações das multinacionais do setor de veículos, entre 2008 a 2013, caíram 2,3% ao ano, frente a uma queda anual de 0,4% das demais. Durante a recessão brasileira, entre 2013 e 2016, as multinacionais sentiram mais a crise do que as indústrias nacionais, com exceção às companhias de celulose e papel.
De acordo com a CNI, a implementação de políticas públicas e de um ambiente de negócios que estimula a inserção internacional de empresas do País é vital para fazer frente à crise econômica e para recuperar as exportações de manufaturados do Brasil. Entre as medidas defendidas pela confederação, estão a isonomia da tributação e dos lucros no exterior.
“O Brasil é o único país que tributa o lucro [de uma empresa brasileira] em outro país. Isso vai na contramão da recomendação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.
Para ele, a transformação de empresas nacionais em multinacionais não traz benefícios somente às próprias, mas a economia como um todo, uma vez que indústrias que competem no exterior investe mais em inovação e em melhoria da produtividade.