Participação de mulheres que investem na Bolsa chega a 22,89%, mas disparidade para os homens tem crescido

A presença de mulheres investidoras na Bolsa de Valores chegou a 1,39 milhão em 2023, mas ainda está aquém diante da participação masculina. Segundo dados da B3 (B3AS3), a diferença na proporção entre mulheres e homens tem crescido de três anos para cá — com uma menor presença feminina ano a ano. 

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Em termos nominais, a representatividade das mulheres investidoras é de 22,89% em meio aos 6,103 milhões de pessoas físicas cadastrados da B3. Em 2022, o percentual de mulheres na Bolsa era de 22,95%, enquanto em 2021 e 2020 os percentuais eram de 23,19% e 26,24%, respectivamente.

Em contrapartida, a presença masculina na bolsa segue em plena expansão: em 2020 eles eram 2,385 milhões entre os investidores da B3 (73,76%), e hoje são 4,706 milhões (77,11%).

Apesar da disparidade percentual e da queda na expansão de mulheres na Bolsa, é preciso também reconhecer a ampliação da sua participação nos últimos anos.

Em 2011, havia apenas 145,9 mil mulheres investindo no mercado de capitais. Esse número se manteve praticamente estável até 2017, quando houve uma aceleração na presença feminina na Bolsa que não parou mais. Veja:

Número de mulheres na B3 nos últimos cinco anos:

  • 2019: 388,6 mil
  • 2020: 847,5 mil
  • 2021: 1,171 milhão
  • 2022: 1,342 milhão
  • 2023: 1,397 milhão

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Barreiras para mulheres se tornarem investidoras

Segundo um levantamento feito pelo XP Monitor, existem barreiras que dificultam a entrada do público feminino no mercado de investimentos:

  • Obstáculos de renda: uma grande porcentagem da população feminina ainda não é independente financeiramente;
  • Percepção de que investir é arriscado: mulheres têm mais tendência a reservar o dinheiro para emergências e a só investir se ganharem acima de renda “segura”, pelo menos, US$ 50 mil por ano (ou US$ 4,1 mil mensais), segundo a pesquisa;
  • Falta de confiança: muitas mulheres não se sentem confiantes para investir por falta de conhecimento sobre produtos financeiros e sobre como investir.

Também chamou a atenção na pesquisa o fato de a indústria de fundos ter predominantemente como público-alvo os homens. Quase nove em cada dez gestores (86%) admitem na pesquisa que seus clientes padrões são homens.

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Para Tatiana Sadala, cofundadora do Todas Group, plataforma que acelera carreiras femininas, o número de mulheres investidoras tem crescido nos últimos anos, mas ainda está longe do ideal.

A principal diferença quando falamos de investimentos feitos por mulheres é a segurança. Elas têm a tendência de buscar mais informações antes das decisões e, com isso, cometem menos erros.

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Subrepresentadas nos investimentos

Não é só na bolsa de valores que as mulheres estão subrepresentadas quando o assunto é investimento. Em produtos mais conservadores, como o Tesouro Direto, o retrato é quase o mesmo: a participação feminina também diminui de um ano para o outro.

Enquanto em 2022 as mulheres representavam 29% dos CPFs investidores — um ano antes, o percentual era de 33%. Trata-se da primeira queda desde o ano de 2010.

Em termos nominais, as mulheres investidoras somam 5 milhões de registros na plataforma do Tesouro Direto, já os homens são 12 milhões, mais que o dobro. Isso num cenário em que as mulheres são mais da metade da população brasileira.

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representam 52,4% de toda a população do País.

“Vamos levar 136 anos para alcançar a equidade de gênero no mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial (FEM). Precisamos ser intencionais para acelerar a participação feminina em determinados espaços, como, por exemplo, o do investimento”, diz.

Para Sadala, o debate sobre equidade de gênero no mundo é urgente, assim como a aceleração da presença de mulheres investidoras na bolsa de valores.

**Com informações da jornalista Monique Lima

Janize Colaço

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