Depois de se recuperar de um crash histórico no primeiro semestre de 2020, o petróleo está novamente sob pressão do mercado, já que a oferta voltou a aumentar e a demanda caiu bruscamente.
Na última sexta-feira (21), o West Texas Intermediate, o principal medidor de petróleo dos EUA, caiu 1,22%, para US$ 44,35 (equivalente a R$ 249,52) por barril, depois que um grupo de grandes produtores de petróleo disse que a recuperação da demanda, após o choque da pandemia do coronavírus (Covid-19), está sendo surpreendentemente lenta. Os pedidos de seguro-desemprego nos EUA aumentaram inesperadamente na semana passada, um indicador pessimista para o consumo de combustível, já que significa que milhões de estadunidenses continuam sem trabalho.
A desaceleração do consumo de petróleo na China e o ressurgimento de casos de coronavírus na Europa estão minando a recuperação da demanda da commodity. Para aumentar a pressão, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) diminuíram os cortes recordes na produção que impuseram no início do ano para provocar uma alta nos preços.
A OPEP e seus aliados destacaram a fragilidade do mercado de petróleo na última quarta-feira (19), ao dizer que a pandemia representa uma ameaça contínua para o setor. O cartel disse que os enormes volumes de petróleo armazenados em terra e no mar no início deste ano começaram a diminuir, mas acrescentou que “o ritmo de recuperação parecia ser mais lento do que o previsto”.
Muitas petroleiras preferem deixar o petróleo no solo
À medida que o coronavírus destrói as economias e prejudica a demanda, as grandes petrolíferas europeias têm feito alguns anúncios desconfortáveis nos últimos meses: petróleo e gás no valor de bilhões de dólares possivelmente nunca serão extraídos do solo.
Com a crise também acelerando uma mudança global para uma energia mais limpa, especialistas acreditam que os combustíveis fósseis se tornarão mais baratos do que o esperado nas próximas décadas, enquanto a multa paga aos governos pelo carbono que emitem ficará mais cara. Essas duas suposições simples significam que explorar alguns campos não faz mais sentido econômico.
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A indústria do petróleo já estava lutando com a transição para a energia renovável, a abundante oferta de combustível e sinais de pico na demanda antes mesmo da disseminação do vírus. Consequentemente, a pandemia provavelmente desencorajará a exploração da commodity, de acordo com especialistas da Rystad Energy AS. Os consultores de investimento disseram ao jornal Bloomberg que esperam que cerca de 10% dos recursos recuperáveis de petróleo no mundo, cerca de 125 bilhões de barris, se tornem obsoletos.
A pressão para reduzir as emissões de carbono também pode levar as empresas a deixar as reservas de poluentes no solo.
Exxon Mobil se prepara para um futuro incerto
A petroleira Exxon Mobil alertou em julho que a queda nos preços do petróleo e gás pode levar a uma contração de 20% no balanço patrimonial da empresa.
O Teste de Impairment da Exxon toma em conta a revisão das premissas de preços do petróleo no longo prazo, já que a petroleira considera que os efeitos do coronavírus na economia serão duradouros. Se os preços abaixo do normal persistirem pelo resto do ano, “certas quantidades de petróleo, betume e gás natural não se qualificarão como reservas comprovadas no final de 2020”, disse a empresa em um documento regulatório nesta quarta-feira.
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A medida da Exxon se assemelha à da petroleira britânica BP que, em junho, atualizou o valor recuperável de seus ativos e anunciou uma baixa contábil entre US$ 13 bilhões e US$ 17,5 bilhões. E à da petroleira Royal Dutch Shell que anunciou uma baixa contábil de até US$ 22 bilhões devido à queda no preço do petróleo.