A tentativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de captar recursos no mercado de capitais terá que esperar um pouco mais.
Na sexta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu a oferta pública de distribuição de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) da Gaia Impacto Securitizadora por 30 dias. Segundo a autarquia, a oferta foi suspensa porque os documentos não informam sobre a vinculação dos devedores do lastro dos CRA ao MST.
Para a Superintendência de Registro de Valores Mobiliários (SRE) da CVM, essa seria uma informação essencial para a tomada de decisão de investidores. “Essa é uma característica homogênea dos devedores do lastro dos valores mobiliários a serem emitidos, portanto, deveria constar na documentação, como previsto pela Instrução CVM 400”, informou a CVM.
O prospecto prevê a captação de R$ 17,5 milhões por meio da emissão de CRA, sem detalhar que os recursos vão financiar a ampliação da capacidade de produção de sete cooperativas do MST que produzem leite, milho, arroz, soja, açúcar mascavo e suco de laranja, como mostrado por reportagens. As cooperativas estão localizadas em Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, compostas por 13 mil famílias.
Com a decisão, a oferta fica suspensa pelo prazo de até 30 dias. Caso as irregularidades não sejam corrigidas neste prazo, a CVM poderá cancelar a oferta do MST definitivamente. A superintendência também determinou que a ofertante publique imediatamente um comunicado ao mercado, informando a decisão da suspensão.