MSCI exclui Rússia da carteira de emergentes e isola o país como “independente”

O Morgan Stanley Capital International (MSCI), fornecedor global de ativos financeiros, reclassificou o status da Rússia de mercados emergentes para mercados independentes, informou na última quarta-feira (2). A decisão é mais um passo no isolamento do país de Vladimir Putin, aumentando a pressão sobre o presidente para um cessar-fogo contra a Ucrânia.

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A decisão de reclassificação do MSCI será implementada em uma única etapa, em mais de 100 índices mundiais e regionais. Alguns exemplos: MSCI Mercados Emergentes sem a Rússia, MSCI ACWI sem a Rússia, MSCI EM EMEA sem a Rússia, MSCI EM Leste Europeu sem a Rússia, entre outros.

A exclusão passa a valer a partir do fechamento de 9 de março de 2022, próxima quarta-feira.

Dessa forma, a Rússia será considerada um mercado isolado, o que significa a perda de bilhões de dólares de investimentos provenientes de fundos passivos que acompanham esses índices.

Em comunicado ao mercado, o MSCI explicou que a decisão foi tomada após uma consulta aos grandes investidores institucionais internacionais. Os respondentes destacaram a deterioração na acessibilidade do mercado de ações russo, a ponto de não atender aos requisitos de mercado de acordo com a estrutura de classificação da MSCI.

A MSCI diz que continuará monitorando os desenvolvimentos do mercado e poderá emitir orientações adicionais ou anunciar outras alterações pertinentes para índices específicos, diz comunicado.

MSCI não está sozinho

Além do MSCI, outras instituições do mercado de capitais cortaram suas relações com a Rússia. A Bolsa de Londres (LSE) suspendeu as negociações com recibos de ações de empresas russas.

A FTSE Russel, uma subsidiária da LSE, vai excluir as ações russas de seus índices a partir do dia 07 de março.

A BlackRock também suspendeu o fluxo financeiro para os fundos passivos de índices atrelados à Rússia.

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O movimento isola as empresas russas de um dos maiores segmentos do mercado de capitais, o de fundos de investimentos, já que a maior parte das operações ligadas a índices de ações ficam impossibilitadas. Desde o dia 25 de fevereiro, a bolsa de valores da Rússia, Moex, está fechada.

Segundo a plataforma de pesquisa Smartkarma, as saídas totais da Rússia podem ultrapassar US$ 40 bilhões. Pouco menos da metade, cerca de US$ 16 bilhões, devem sair só pelo movimento do MSCI.

Hora de a América Latina brilhar?

Com a reclassificação da Rússia, o Itaú BBA acredita que parte dos recursos deve migrar para a América Latina.

Até ontem (2), a Rússia representava 1,47% do índice MSCI Mercados Emergentes. Mas isso depois de uma primeira ponderação do Morgan Stanley, que na última revisão trimestral do índice, em 22 de fevereiro, diminuiu o peso do país era de 3,41%.

Para efeito comparativo, os países da América Latina apresentam a seguinte posição no índice atualmente:

  • Brasil: 4,97%
  • México: 2,02%
  • Chile: 0,43%
  • Peru: 0,25%
  • Colêmbia: 0,19%

Segundo o BBA, a perda dessa participação de 1,47% no MSCI EM pode resultar em saídas financeiras para a Rússia de US$ 5,9 bilhões de investidores passivos e US$ 21,2 bilhões de investidores ativos.

Se esse dinheiro migrar para a América Latina, considerando os pesos atuais no índice, as entradas podem somar US$ 2,12 bilhões. Só para o Brasil, os ganhos seriam de US$ 1,334 bilhão – US$ 292 milhões de investidores passivos, US$ 1,05 bilhão de ativos.

Ainda deve se levar em consideração que a América Latina representa apenas 9,33% do MSCI EM, enquanto China, Taiwan e Índia somam 31%.

“Claro, isso significa que a comunidade de investimentos parece ter favorecido os países asiáticos em relação aos latinos, o que tem sido a norma nos últimos dez anos. Dito isto, acreditamos que pode haver um argumento a favor da América Latina, que agora tem uma oportunidade interessante de reconquistar participação [no MSCI EM]”, diz o BBA.

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Monique Lima

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