A MRV (MRVE3) teve em 2020 seu melhor desempenho de vendas da história. A construtora vendeu 54 mil unidades, atingindo R$ 7,5 bilhões em valor geral de vendas líquidas, crescendo 38,6% na base anual, impulsionada tanto pelas menores taxas de juros para financiamento imobiliário quanto pela criação de novas linhas de crédito.
Essas mudanças, segundo a empresa, afetaram consideravelmente o poder de compra do público-alvo da MRV, composto por famílias com renda de dois a onze salários mínimos.
O lucro líquido no quarto trimestre, divulgado no seu balanço que se tornou público na noite desta quinta-feira (4), foi de R$ 196 milhões, crescendo 39,4% na base anual. No consolidado do ano, entretanto, esse número caiu 20,3%, para R$ 550 milhões.
Apesar de a receita líquida da MRV ter avançando com o maior número de vendas, atingindo R$ 1,7 bilhão no quarto trimestre, avanço de 19,9% na base anual, e R$ 6,65 bilhões em 2020, crescendo 9,8% na comparação com 2019, os gastos da companhia também subiram.
Despesas e dívidas da MRV também cresceram
A MRV viu suas despesas comerciais chegarem a R$ 171 milhões no período de outubro a dezembro, avançando 13,3% na comparação com o mesmo intervalo de 2019. No ano, os gastos com vendas chegaram a R$ 649 milhões, avançando 9,6%. As despesas gerais e administrativas subiram ainda mais, fechando 2020 em R$ 433 milhões, com alta de 23,2%.
Segundo a construtora, o crescimento com vendas foi causado pelo maior volume de vendas e com as despesas gerais e administrativas por conta da expansão das linhas de produtos e de negócios. Em parte, a pandemia fez também cair o número de lançamentos e obrigou a empresa a manter mais estoque.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) avançou 41,9% na base anual no último trimestre de 2020, chegando a R$ 327 milhões. No consolidado do ano, houve recuo de 0,2%, ficando em R$ 1,007 bilhão. A margem Ebtida teve o mesmo comportamento, crescendo 3 pontos percentuais no último trimestre mas fechando o ano com queda de 1,5 pontos percentuais.
A queda da margem pode ser explica, parcialmente, pelo fato da MRV ter visto sua dívida líquida saltar durante 2020. O crescimento no consolidado do ano foi de 77,5%, chegando a R$ 1,9 bilhão. A companhia chegou no fim de dezembro com uma alanvacagem de 1,89 vez, contra 1,06 vez no final de 2019.
A dívida total da MRV soma R$ 4,65 bilhões, sendo que a líquida cai por conta do caixa. R$ 1,2 bilhão destes estão emitidos em moeda estrangeira e o restante em moeda nacional. Segundo o documento, esse número cresceu por conta da compra pontual de terrenos, “buscando aproveitar oportunidades”. A construtora vem avançando geograficamente, chegando a empreender nos Estados Unidos, e também buscando novos públicos.