MRV (MRVE3): subsidiárias ‘corroem’ resultados do 4T23, segundo analistas; ações despencam
Em relatórios após a divulgação do balanço do quarto trimestre de 2023 da MRV (MRVE3), analistas concluíram que os resultados da companhia foram mistos no período, pressionados pela queda no lucro líquido e um desempenho insatisfatório das subsidiárias. As ações da empresa abriram em forte queda nesta sexta-feira (01) no Ibovespa.
Na abertura do pregão desta sexta, as ações de MRV despencavam 6,17%, cotadas a R$ 7,15.
Cotação MRVE3
O conglomerado que reúne MRV, Sensia, Luggo, Urba e Resia teve prejuízo líquido consolidado de R$ 104,9 milhões no quarto trimestre de 2023, segundo relatório de resultados divulgado na quinta-feira (29).
O resultado representa uma perda 68% menor na comparação com o mesmo período de 2022, quando a empresa sofreu um prejuízo de R$ 333 milhões.
Os números negativos ainda são fruto dos empreendimentos com estouros de custos lançados entre os anos de 2020 e 2022, época em que a inflação disparou. No entanto, a companhia passou por uma revisão de negócios, e a administração espera uma melhora gradual nos próximos trimestres.
Em relatório, a Genial Investimentos avaliou que os resultados da MRV não foram tão animadores, com as três subsidiárias (Urba, Luggo e Resia) ‘corroendo’ os resultados contábeis, apesar de um efeito neutro na geração de caixa.
“Até hoje, nunca vimos o potencial da companhia consolidada quando todas as subsidiárias entregam resultados positivos ao mesmo tempo. Esperamos que 2024 seja decente para MRV Brasil, mas ainda ruim para a Resia. Quiçá em 2025 veremos uma conjunção das subsidiárias, com manutenção de margens saudáveis nas operações do Brasil e queda do cap rate dos imóveis residenciais nos EUA”, disseram os analistas Luis Assis e Guilherme Vianna.
A Genial tem recomendação de ‘compra’ para as ações MRV, com preço-alvo a R$ 7,62.
Também em relatório, a XP (XPBR31) forneceu uma avaliação mista dos resultados da MRV, dado o desempenho ainda fraco do lucro líquido e a margem bruta pressionada, “embora o forte desempenho operacional da empresa e o crescimento da receita parecem encorajadores”, pontuaram os analistas Ygor Altero e Ruan Argenton.
A XP tem recomendação de ‘compra’ para as ações da MRV, com preço-alvo a R$ 17,00.
Já o Goldman Sachs (GSGI34) avaliou que os resultados da MRV terão um impacto neutro a negativo, uma vez que as ações já caíram 30% no acumulado do ano, impulsionadas por uma redefinição nas expectativas.
Segundo o analista Jorel Guilloty, os resultados foram mistos, com receitas em linha, lucro bruto mais leve do que o esperado e uma perda de lucro líquido.
“Uma das principais preocupações para as ações da MRV tem sido, em parte, impulsionada pelo aumento de passivos de cessão de crédito, que embora não pesem nas métricas tradicionais de alavancagem, podem pesar nas despesas financeiras“, disse.
O Goldman tem recomendação ‘neutra’ para as ações de MRV, com preço-alvo a R$ 9,50.
Outros números da MRV
No 4T23, a receita líquida e consolidada da MRV totalizou R$ 1,940 bilhão, alta de 16,8% na comparação anual, ajudada pelo aumento nas vendas de imóveis. A companhia tem se beneficiado da melhora nas condições do Minha Casa Minha Vida (MCMV) para aumentar as vendas e subir preços.
Já o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado da MRV no 4T23 foi negativo em R$ 35,9 milhões, queda de 57,4% na comparação com o mesmo período de 2022, quando foi negativo em R$ 22,8 milhões.
O resultado financeiro da MRV no período gerou uma despesa de R$ 54,6 milhões, queda de 78% na comparação anual, devido à diminuição da alavancagem.
No geral, todos os braços da MRV&Co tiveram prejuízo no 4T23: MRV (R$ 10 milhões), Urba (R$ 27,6 milhões), Luggo (R$ 25,7 milhões) e Resia (R$ 41,5 milhões).
O braço MRV (incorporação imobiliária com foco no MCMV) teve lucro líquido ajustado de R$ 103 milhões no último trimestre de 2023, revertendo prejuízo de R$ 93 milhões do mesmo período de 2022. O resultado ajustado exclui efeitos do equity swap, marcação a mercado e perdas não recorrentes.
A receita líquida totalizou R$ 1,893 bilhão, alta de 20,1% na mesma base de comparação anual, refletindo o crescimento das vendas de moradias. A margem bruta atingiu 24,5%. As despesas comerciais cresceram 18,9%, para R$ 196 milhões, acompanhando os maiores esforços de vendas.
As despesas gerais e administrativas aumentaram 35,2%, indo a R$ 141 milhões. A empresa explicou que foi provisionado o valor de R$ 38 milhões referente ao pagamento de bônus pela conclusão da reestruturação dos negócios – isso era o principal gatilho de remuneração variável do ano.
O resultado financeiro gerou uma despesa de R$ 33 milhões, que foi 85% menor na mesma base de comparação anual.
Na Urba – braço de loteamentos da MRV – houve uma queda de 64% na receita, indo a R$ 33 milhões na comparação anual. A margem bruta da Urba despencou para 5,3% devido a revisão no orçamento de uma obra. A companhia explicou que esse efeito foi pontual, e que a margem retomará os níveis normais nos próximos trimestres.