A crise das queimadas na Amazônia deixou o Ministério das Relações Exteriores (MRE) em alerta. O temor é de que a crise possa afetar as exportações do País.
Segundo o que disseram diplomatas do Itamaraty ao “Valor Econômico”, o MRE não acredita que possa haver uma implosão do acordo entre Mercosul e União Europeia, como sinalizou o presidente francês, Emmanuel Macron.
No espectro diplomático, há a crença de que o acordo entre os blocos está preservado, apenas das declarações.
MRE teme queda das exportações
O que preocupa o MRE é a força de interesses que são contrários ao acordo. Um dos primeiros setores é o de carnes. As manifestações mais fortes contra o acordo Mercosul-UE vieram da França e Irlanda, onde o lobby da pecuária é muito enfático.
Agora, com a percepção dos incêndios na Amazônia, essas notícias podem funcionar como uma “barreira ambiental” aos produtos do Brasil.
“Não da para descartar ameaças. Na Suécia, um supermercado dizia que tem que consumir menos carne porque a pecuária causa desmatamento”, disse uma fonte do governo ao “Valor”.
Essa seria uma analogia às tradicionais barreiras fitossanitárias impostas a produtos agropecuários como um empecilho para proteger a produção nos países importadores.
O Itamaraty vem orientando seus postos no exterior para que espalhem mensagens com os “dados verdadeiros” sobre o desmatamento e a política ambiental brasileira.
Saiba mais: Mercosul e EFTA acertam acordo de livre comércio
O Itamaraty está aguardando para ver se França e Finlândia confirmam os embargos à carne bovina brasileira. Caso hajam retaliações e medidas restritivas que o Brasil considere um abuso, a resolução pode ser feita pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
O acordo com o EFTA (Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) na última sexta-feira (23) também reforça a ideia de que a questão amazônica não afetará os acordos multilaterais, de acordo com o MRE. A Noruega, presente no acordo, foi uma das criticadas pelo corte de repasses à Amazônia.
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