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MOS Capital busca ser sócia das empresas e mira fundo para varejo

Fundos de investimento: Foto: Goumbik, por Pixabay.

Empresas, OKRs: Foto: Goumbik, por Pixabay.

Quem busca investir em uma empresa por meio do mercado de capitais deve levar em consideração aspectos reais e fazer uma avaliação sobre a possibilidade de se tornar um sócio de longo prazo antes da tomada de decisão de compra de um papel ou outro. A avaliação é de Fernando Fanchin, sócio e gestor da MOS Capital, que deve lançar em breve um fundo com acesso aos investidores pessoas físicas.

“Procuramos empresas em que nós fiquemos confortáveis em sermos sócios. Imagina se você recebesse um convite de um amigo para ser sócio em um restaurante, o que você faria? Iria analisar a pessoa, como são os economics do negócio e se ele possui um preço atrativo”, conta Fanchin.

De acordo com o gestor, a MOS Capital busca preços razoáveis, com uma boa margem de segurança, o que faz com que a gestora não opere sempre, mas tente operar de maneira certeira. Não à toa, MOS vem de margin of safety (margem de segurança, em inglês).

“Eu faço essa simplificação para dizer que procuramos empresas a preços razoáveis, empresas que você compra sem data para vender. Não temos problema em passar semanas sem um trade sequer. Olhamos a qualidade do negócio, gerando retorno sobre capital, crescendo resultados? Vemos quem são os sócios, mas o valuation tem que estar relativamente descontado”, afirmou.

Sobre uma possível mudança no mercado, com taxas de juros abandonando as faixas historicamente baixas no Brasil e em outros locais do mundo, a MOS Capital crê que empresas sólidas devem sobreviver de qualquer maneira.

“Empresas que tem geração de caixa terão uma vantagem mais evidente. Será que essas empresas que não geram caixa vão sobreviver nesse ambiente de taxa de juros mais altas? Talvez não. Então temos a maior parte do portfólio mais previsíveis e inclusive que aguentem algum desaforo político”, afirmou Fanchin.

Confira a entrevista do SUNO Notícias com Fernando Fanchin, sócio e gestor da MOS Capital:

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-Como foi o começo da MOS?
A MOS no formato atual existe há 9 meses. Então, a gente como MOS, neste formato, é uma gestora nova. Nós evoluímos de uma gestora que já existia, que chamava Teorema, e existiu de 2007 a 2020 essencialmente como uma gestora familiar.

Eu trabalho com investimentos há 15 anos e passei oito anos na Rio Bravo, fui um dos sócios da área de gestão de equities. Essa unidade da Rio Bravo, de public equities, tinha como sócio minoritário o Guilherme Afonso Ferreira e família, e, em paralelo, a Teorema existia como uma gestora familiar e fazia somente fundos de equities.

Quando eu saí da Rio Bravo, acabei indo em 2015 para a Teorema para tornar a gestora uma gestora de mercado e, a partir de 2016, comecei a tocar o fundo. Então, embora a MOS exista há nove meses, a cota dos meus fundos já têm mais de cinco anos, que é do início de 2016.

Então, eu comecei a tocar o fundo e, em 2016, 2017 e 2018, o fundo foi muito bem e isso nos motivou a pensar que estávamos prontos para mostrar o produto para outras pessoas.

De 2018 a 2019, tentamos mostrar o nosso produto e captar dinheiro de fora. Com a pandemia, começamos a refletir como poderíamos achar bons profissionais para estruturar o fundo e decidimos por transformar ela em uma partnership verdadeira.

Essa transformação foi importante porque mudamos o quadro societário e hoje temos o controle da gestora nas mãos dos executivos. A família deve reduzir a participação, então hoje temos 80% do capital da sociedade nas mãos dos executivos e 20% para a família, mas ao longo dos próximos cinco anos podemos comprar 10% e a partir do ano oito, comprar o restante.

Agora, já temos mostrado nosso fundo para fora e estamos nas principais plataformas, temos várias conversas abertas com alocadores brasileiros e estrangeiros.

Vamos lançar um fundo de previdência privada de ações, que é 60% bolsa Brasil e 40% bolsa global. No semestre que vem, deve chegar um fundo institucional e outro para o investidor de varejo. Hoje nossos dois fundos são para investidores qualificados.

MOS vem de margin of safety (margem de segurança, em inglês) e reflete um pouco da nossa filosofia.

-O que levou vocês a planejarem essa migração em busca do investidor de varejo?
Para a gente é importante ter o fundo para o varejo pois, na verdade, ele atende dois públicos, tanto o varejo quanto o fundo de pensão. Embora eles invistam bilhões em ativos de risco, eles não são considerados a parte pela legislação. Então existe uma legislação específica e ela define uma série de critérios e restrições para fundos de pensões investirem em fundos como o nosso.

-E como é a filosofia de investimentos da MOS?
Procuramos empresas em que nós fiquemos confortáveis em sermos sócios. Imagina se você recebesse um convite de um amigo para ser sócio em um restaurante, o que você faria? Iria analisar a pessoa, como são os economics do negócio e se ele possui um preço atrativo.

Então, eu faço essa simplificação para dizer que procuramos empresas a preços razoáveis, empresas que você compra sem data para vender. Não temos problema em passar semanas sem um trade sequer. Olhamos a qualidade do negócio, gerando retorno sobre capital, crescendo resultados? Vemos quem são os sócios, mas o valuation tem que estar relativamente descontado.

E aí tem uma coisa que fazemos também, que desenvolvemos internamente, que é uma matriz para determinar o que é uma alocação alvo no ponto daquela empresa. Então, temos um sistema, que criamos varias notas para as empesas.

Na Eneva (ENEV3), por exemplo, é uma ótima posição, gostamos das pessoas, do modelo de negócio, mas está em um preço que achamos um pouco caro. Então, já tivemos 15%, hoje temos 7% do fundo em Eneva.

De um horizonte de 40 empresas, conseguimos ficar muito próximos e agir no pânico e na euforia reduzindo a alocação, deixando o fundo mais leve para uma eventual correção.

O fundo é de retornos suficientemente de 15% a 20% ao ano e temos conseguido entregar o retorno com nível de volatilidade e de risco menor que a média. Quando olhamos nosso índice de sharp são índices muito bons.

Achamos que nosso fundo você pode carregar tranquilo. Ele talvez não seja o maior retorno na alta, mas ele vai se defender melhor no pânico e te dar bons retornos na média.

-E como alocar nesse novo cenário?
Hoje, estamos mais alocados que o usual, então eu quero dizer que o fundo está quase 100% comprado. Isso não é uma decisão que indica se temos que aumentar ou reduzir as posições, mas temos visto muitas empresas que gostamos negociando a preços atrativos.

Embora o índice esteja na alta, ele reflete muito commodity, então as empresas do mercado interno também não se recuperaram como deveriam.

Além disso, já olhamos um cenário de alta de taxa de juros, então o que a gente viu nos últimos dez anos em um ambiente de taxa de juros extremamente baixas para fomentar crescimento, gradativamente iremos caminhar para o cenário onde o custo de capital e oportunidade será maior.

Empresas que tem geração de caixa terão uma vantagem mais evidente. Será que essas empresas que não geram caixa vão sobreviver nesse ambiente de taxa de juros mais altas? Talvez não. Então temos a maior parte do portfólio mais previsíveis e inclusive que aguentem algum desaforo político.

Essas pessoas físicas não podem se iludir com os ganhos fáceis dos últimos anos. Em um ambiente de um custo de oportunidade um pouco maior, essas discrepâncias poderão ser corrigidas.

Temos Energisa, Rumo, B3, M.Dias Branco e Camil. Elas são as cinco maiores posições. Na outra ponta, temos algo mais de crescimento, que são XP e Meli.

-A MOS Capital também olha para o exterior?
Sim e é um processo muito semelhante, mas não é igual. Aqui olhamos all caps, Lá nos EUA, a gente geralmente fica em empresas maiores, então temos hoje a Berkshire, Citybank, Johnson, Disney, Amazon, então são empresas em geral que têm um jeito de large capital.

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