Morre Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da Bovespa, aos 78 anos por Covid-19

Faleceu hoje Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da Bovespa, aos 78 anos vítima da Covid-19. Portador de asma, ele estava internado há 50 dias no Hospital Albert Einstein com a doença.

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Magliano foi presidente da Bolsa de Valores de São Paulo de 2001 a 2008, quando houve a fusão com a BM&F. Ele foi um dos grandes precursores do desenvolvimento do mercado financeiro no Brasil.

Seu pai, Raymundo Magliano, fundou a primeira corretora da bolsa de valores brasileira em 1927 e foi também conselheiro da administração da bolsa brasileira. O filho, seguindo os passos, também ficou a frente da Magliano Investe.

Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), era um grande estudioso das ciências humanas. Defendia a popularização do mercado de capitais e a adesão das empresas a níveis diferenciados de governança corporativa.

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Em sua administração, criou o Bovespa Vai Até Você, programa em que um carro da bolsa percorria praias, clubes, shoppings e estações de metrô explicando como funciona a instituição e divulgando investimentos em ações. Magliano desenvolveu também o Bovespa Vai à Fábrica, em parceria com a Força Sindical e com o Mulheres em Ação.

Em 2002, destacou-se pelo apoio ao então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, criada por Lula em 2003.

História de Magliano é marcada por trabalho de popularização da bolsa de valores

Em meados de 2002, Magliano desenvolveu o programa de popularização da bolsa, que levou o crescimento das pessoas físicas, que pularam de 20% para 30% da participação no volume negociado no mercado. O número de clubes de ações saltou de 442 antes de sua gestão para 910 em 2004.

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Hoje, a bolsa de valores brasileira, a B3 (B3SA3), tem mais de 3,173 milhões de pessoas físicas. Magliano Filho tinha o sonho de ver a esse número chegar a cinco milhões de CPFs.

Durante sua gestão, o mercado assistiu o retorno das emissões e das aberturas de capital, que estavam paralisadas desde os anos 80. Durante a presidência de Magliano, empresas como a Natura (NTCO3), Gol (GOLL4), Suzano (SUZB3), Weg (WEGE3) e Braskem (BRKM5) foram à bolsa levantar recursos.

Magliano foi ainda, em vida, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, superintendente do Conselho de Jovens Empresários da Associação Comercial, vice-presidente da Bovespa e titular do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. Foi também do Conselho de Administração da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

Ele estava, nos últimos anos, afastado do dia a dia da corretora de sua família, mas continuava acompanhando o mercado. Em julho de 2020, a corretora Magliano foi vendida para a fintech Neon Pagamentos. Em 2018, ela já havia transferido sua carteira de clientes de varejo para a Guide Investimentos.

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Vitor Azevedo

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