Moody’s sinaliza revisar rating se Brasil abandonar teto de gastos em 2021

A vice-presidente e analista sênior do rating Brasil na Moody’s, Samar Maziad, sinalizou, na última quarta-feira (14), que a agência de risco pode mudar a nota de crédito do País se não houver uma manutenção do teto de gastos no próximo ano.

Segundo Maziad, o rating do Brasil é “Ba2“, com perspectiva estável, conforme a revisão realizada em maio, que “incorpora a deterioração [econômica] deste ano, mas também considerada a retomada da consolidação fiscal no ano que vem. Se o apoio a reformas diminuir, haverá impacto negativo em nosso cenário”.

Na análise da agência, uma flexibilização ou abandono do teto de gastos pode iniciar um processo de revisão da nota de crédito. “O teto é a principal âncora fiscal [do Brasil] e um ponto chave para a expectativa do investidores sobre o rumo do endividamento e crescimento do peso da dívida“.

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A Moody’s projeta que a relação entre dívida pública bruta e Produto Interno Bruto (PIB) do País, que era de 75,8% em 2019, supere os 97% em 2021.

“Esperamos que o crescimento econômico se recupere em 2021. Contudo, as reformas estruturais e o ajuste fiscal serão importantes para o Brasil conseguir um crescimento sustentável”, afirmou Maziad.

De acordo com a Moody’s, a instauração de um programa que estenda o alcance do Bolsa Família e outro benefício, como é proposto pelo governo o Renda Cidadã, “vai exigir medidas compensatórias e outras a serem aprovadas pelo Congresso”.

Na semana passada, a agência de risco S&P Global Ratings apontou que poderia rebaixar a nota de crédito do País se não houvesse uma maior visibilidade sobre a trajetória fiscal em 2021.

A S&P alterou a perspectiva do rating do Brasil de positiva para estável em abril, devido as incertezas do impacto da pandemia do novo coronavírus (covid-19) na economia brasileira. “Não queremos tomar decisões precipitadas” informou a agência sobre a possibilidade de alterar a perspectiva do rating BB- de estável para negativa ou até rebaixar a nota.

“Por enquanto pensamos que não é um risco de curto prazo, mas se ao passar dos meses a situação se tornar mais desafiadora poderíamos considerar que o Brasil tem um perfil mais fraco, na categoria dos B. Mas essa é uma diferença importante”, analisou a agência.

O Brasil conquistou pela primeira vez o grau de investimento em 2008. Sete anos depois, a S&P foi a primeira entre as três maiores a retirar o selo de bom pagador, seguida por Fitch e depois por Moody’s.

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Poliana Santos

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