Moody’s mantém previsão de crescimento do PIB brasileiro para 2021
A vice-presidente e analista sênior da Moody’s, Samar Maziad, responsável pelo rating soberano do Brasil, declarou nesta quarta-feira (14), durante o evento Inside Latam Brasil, que a agência de classificação de risco, ainda prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,4% para 2021. “Brasil já está no caminho da recuperação no terceiro trimestre e esperamos que continue”, declarou.
A analista da Moody’s lembrou, entretanto, que o crescimento do Brasil nos últimos anos foi decepcionante e que seria necessário ver uma expansão mais sustentável nos próximos anos, o que depende do avanço de reformas. “O crescimento potencial do Brasil hoje é estimado em 2%. Para um PIB potencial maior, é necessário maior avanço de reformas.”
Segundo Maziad, para o crescimento ser maior também é necessária a confiança na manutenção do compromisso fiscal do País.
Além disso, do ponto de vista fiscal, a analista alertou sobre a necessidade de respeitar o teto e, neste sentido, a aprovação da chamada PEC Emergencial, que tem mecanismos para conter gastos públicos, é a medida mais importante de curto prazo.
Ao passo que do ponto de vista estrutural, Maziad pontuou que a reforma tributária é importante, pois resolve distorções que o Brasil tem em sua estrutura de impostos. “A reforma administrativa também é importante estruturalmente para questão do gasto”, argumentou.
“O comprometimento com disciplina fiscal é positivo para crescimento do Brasil”, disse, ressaltando que o PIB potencial do Brasil está na ordem de 2%. Para um nível de expansão sustentada mais alto, é preciso avanço com as reformas, ressaltou a analista da Moody’s aos jornalistas e, mais cedo, em seminário virtual da agência de risco.
Renda Cidadã e teto
A vice-presidente e analista sênior do rating soberano do Brasil da Moody’s disse, também, que o financiamento dentro do teto de gastos do novo programa social do governo, o Renda Cidadã, dependerá da proposta do Planalto, caso seja acomodado dentro do teto, será positivo para o crescimento do País.
Em relação à manutenção dos estímulos extraordinários, como o auxílio emergencial, também conhecido por coronavocher, pela frente, a analista da Moody’s ressaltou que há espaço limitado dentro do teto de gastos para aumentar despesas. Assim, a ideia do ministro Paulo Guedes de unificar programas sociais pode requerer medidas compensatórias para que se adaptem ao teto, afirmou.
A sinalização de compromisso com o teto e de disciplina fiscal pelo governo, disse Maziad, será um sinal positivo aos agentes sobre a consolidação das contas públicas brasileiras e no final vai apoiar o crescimento. A Moody’s espera que o ajuste fiscal seja retomado em 2021.
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Maziad ressaltou que as medidas emergenciais adotadas pelo Brasil para lidar com a pandemia foram substanciais, especialmente comparadas a outros emergentes. “Elas contribuíram para a recuperação da atividade”, declarou, citando principalmente estímulos fiscais.
Além de manter a estabilidade macroeconômica e progredir com reformas, Maziad falou ainda da necessidade de o País avançar com as privatizações e melhorar o ambiente de negócios, para estimular investimentos. Nesse sentido, a reforma tributária é relevante, pois simplifica a estrutura de impostos do Brasil, o que ajuda a criar um clima positivo para investimentos, informou a analista da Moody’s.
Com informações do Estadão Conteúdo