A agência de classificação de rating Moody’s alertou nesta segunda-feira (18) para os riscos de sua perspectiva “estável” para o para o rating de dívida soberana do Brasil.
De acordo com a Moody’s, a expectativa crescente de uma recessão mais profunda do que a projetada poderia demandar um apoio fiscal prolongado por parte do governo federal.
A agência prevê uma contração de 5,2% para a economia brasileira em 2020 devido à crise causada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19). No entanto, os riscos se inclinam para o lado negativo. Segundo o analista principal da Moody’s para os ratings soberanos do Brasil, Samar Maziad, isso poderia exigir um apoio maior à economia, o que levaria a um abandono dos planos de retomada da austeridade fiscal e das agendas de reformas no ano seguinte.
“A dinâmica de crescimento do Brasil está sujeita a riscos negativos”, salientou Maziad. “Se a deterioração fiscal se tornar permanente, esse seria o gatilho crítico para repensar as perspectivas”.
Moody’s confirma rating do Brasil em ‘Ba2’ com perspectiva ‘estável’
A Moody’s informou na última sexta-feira (15) que manteve a perspectiva para o rating do País, além de confirmar a nota de crédito soberano do país em ‘Ba2’.
Nesse sentido, a agência citou três principais razões para a projeção otimista da dívida soberana do Brasil:
- Retomada da austeridade fiscal
- Taxas de juros batendo recordes de mínimas históricas
- Baixa dívida externa e grandes reservas internacionais
As medidas emergenciais de combate à terão impacto projetado de R$ 349,4 bilhões no saldo primário do governo de 2020. Ao tempo que o déficit primário do setor público consolidado pode atingir R$ 700 bilhões, chegando a 9% do Produto Interno Bruto (PIB).
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As autoridades do Ministério da Economia defendem que as despesas para enfrentar a epidemia do novo coronavírus no Brasil serão limitadas apenas para este ano. Dessa forma, o governo deveria retomar os esforços em recuperar as contas públicas a partir de 2021.
O analista da Moody’s também apontou para os riscos do ruídos políticos no País. O governo do presidente Jair Bolsonaro sofreu a perda de dois ministros da Saúde em menos de um mês, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Enquanto, o popular ministro da Justiça, Sergio Moro, também renunciou ao cargo.
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“Estamos cientes dos riscos existentes – uma contração econômica mais profunda, dinâmica política e uma possível deterioração permanente no desempenho fiscal”, salientou Maziad.
A nota de crédito da Moody’s para Brasil, de “Ba2”, fica dois níveis abaixo do grau de investimento. A Fitch e S&P reduziram a perspectiva do País para “negativa”, bem como o rating de crédito para “BB”.