Dólar ameaçado? Projeto de moeda virtual da China é o mais avançado do mundo
A China já transacionou US$ 14 bilhões no seu projeto de moeda virtual, o yuan digital. O país conta com a proposta mais avançada do mundo sobre o tema, enquanto os Estados Unidos ainda não têm um consenso se é necessário ter ou não um dólar digital oficial do governo.
Porém, os norte-americanos seguem de olho nesse projeto chinês. Em fevereiro, o senador republicano Pat Toomey, do estado da Pensilvânia, alertou as autoridades dos Estados Unidos sobre o impacto que o yuan digital pode causar nos interesses econômicos e de segurança nacional do país.
No comunicado, o político ressaltou que o yuan digital aumenta o potencial para “subverter as sanções dos EUA, facilitar fluxos de dinheiro ilícitos, melhorar as capacidades de vigilância da China e fornecer a Pequim vantagens de ‘pioneiro’, como estabelecer padrões em pagamentos digitais transfronteiriços”.
Moeda virtual oficial?
As moedas digitais dos próprios bancos centrais são ativos que podem, conforme cada modelo, ser emitidas pelo banco central do país, sem intermediação dos bancos. Assim, o dinheiro digital será um passivo direto do governo, não das instituições financeiras.
Além disso, o componente tecnológico faz com que esse ativo seja utilizado em soluções financeiras inovadoras. Em termos práticos, caso esses projetos vinguem, poderiam realizar operações de câmbio de uma forma tão ágil como ocorre com o Pix.
“O câmbio no mundo, para a grande maioria dos lugares, ainda depende de dois dias para chegar. Quando muito no mesmo dia. A tecnologia associada a uma CBDC [projeto de moeda digital de banco central, na siga em inglês] pode fazer isso em questão de segundos. Um produtor de soja que vai exportar para a China pode receber, em vez de dias, em questão de segundos”, detalhou o especialista.
Mesmo com a preocupação dos americanos, existem entraves tecnológicos que precisam ser superados para que moedas como o yuan digital conquistem um alcance global, como a construção de uma infraestrutura entre moedas distintas.
“Para passar de testes para um modelo que será utilizado no mundo inteiro, e esse modelo ser interoperabilizado para vários países, ainda demora, de 5 a 10 anos”, projetou Cunha sobre o futuro da moeda virtual.