Os presidentes de Brasil e Argentina assinaram um artigo no jornal argentino Perfil em que defendem o início de discussões para a criação de uma moeda comum entre os países da América do Sul.
“Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sulamericana comum que possa ser usada tanto para os fluxos financeiros quanto comerciais, levando à redução de custos operacionais e reduzindo nossa vulnerabilidade externa”, escreveram os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Alberto Fernández.
No texto, além da defesa da moeda comum, os líderes de Brasil e Argentina falaram em “aliança estratégica” entre os dois países e se comprometeram a trabalhar por uma maior integração econômica no continente. Também defenderam a democracia e condenaram “todas as forças de extremismo antidemocrático e de violência política”.
O artigo fala ainda da necessidade de reindustrialização dos dois países e defende que uma maior integração das cadeias produtivas de Brasil e Argentina pode ajudar a mitigar choques externos como os vistos durante a pandemia de Covid-19.
“Não podemos depender de fornecedores externos para poder ter acesso a insumos e bens essenciais para o bem-estar de nossas populações”, afirmaram Lula e Fernández.
Lula e Fernández são amigos de longa data. O argentino compareceu à posse de Lula no dia 1º de janeiro e durante o tempo em que Lula esteve preso em Curitiba chegou a visitá-lo. Também por isso, o presidente brasileiro escolheu a Argentina como primeiro destino internacional depois da posse. O petista chegou à Buenos Aires neste domingo (22).
Financial Times deu destaque à moeda comum
Segundo reportagem publicada neste domingo pelo jornal britânico Financial Times, Brasil e Argentina devem anunciar ainda nesta semana o início de estudos para criação de uma moeda comum, o que poderia criar o segundo maior bloco do tipo no mundo, só atrás da Zona do Euro.
De acordo com o períodico, as discussões começarão nesta semana em Buenos Aires e outras nações latinoamericanas serão convidadas a participar. Por ora, a moeda seria chamada de “sur” e, segundo entusiastas da ideia, poderia estimular o comércio regional e reduzir a dependência do dólar americano.
O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, afirmou ao jornal que os estudos da moeda únicoa também vão abarcar questões fiscais e o papel dos bancos centrais de ambos os países.
“Haverá um estudo dos mecanismos de integração de comércio, mas eu não quero criar falsas expectativas: é o primeiro passo de uma longa estrada que a América Latina terá de percorrer”, disse Massa.
Expectativa por anúncio
O Financial Times apurou que o anúncio deve ocorrer no contexto da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Argentina. No ano passado, Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, escreveu um artigo no qual defendeu a proposta de uma moeda digital comum a todos os países da América Latina.