As ações da Mobly (MBLY3) despencam nesta quarta-feira (6) no Ibovespa, com o mercado repercutindo o comunicado da empresa afirmando que, embora mantenha conversas, não chegou ainda a um acordo para a fusão com a Tok&Stok. A resposta ocorreu após o jornal Valor Econômico noticiar na terça-feira (5) que a empresa já teria acertado os termos do negócio.
Com a notícia sobre a possível fusão com a Tok&STok, as ações da Mobly chegaram a subir 16% nesta terça-feira (5), fechando em alta de 11%, a R$ 4,33. No entanto, perto das 10h35 desta quarta-feira (6), as ações ordinárias da Mobly despencavam 9,47%, cotadas a R$ 3,92.
Cotação MBLY3
Ainda de acordo com a Mobly, a home24, seu atual acionista controlador, disse que não tem planos de realizar uma oferta pública de aquisição (OPA), que seria eventualmente destinada aos seus investidores.
“A Mobly reforça o seu compromisso com a transparência e o dever de informar seus acionistas e o mercado em geral sobre quaisquer fatos relevantes relacionados ao seu negócio. A companhia manterá seus investidores e o mercado informados sobre eventuais desdobramentos referentes ao assunto em questão”, disse a companhia em comunicado.
Operação com Tok&Stok pode levar a um maior consumo de caixa, diz Goldman
Para o Goldman Sachs, a Mobly pode se beneficiar de uma maior crescimento em todos os canais de venda (especialmente loja online própria e lojas físicas) e, em última análise, a um aumento mais precoce da rentabilidade e da geração de fluxo de caixa.
“A melhoria da geração de fluxo de caixa também implicaria dar à gestão uma renovada opção de alocação de capital, permitindo à empresa apoiar-se em investimentos estratégicos de crescimento nos mercados online e offline”, diz o banco.
Por outro lado, alerta que o negócio pode trazer maior consumo de caixa para a Mobly, o que combinado com as contínuas pressões sobre os custos de insumos, podem resultar em vendas mais fracas e maiores necessidades de capital de giro.
“Neste cenário, a administração pode precisar reduzir os investimentos relacionados ao crescimento, prendendo a empresa numa posição de subescala”, explicou o Goldman.
O Goldman tem recomendação “neutra” para as ações ordinárias da Mobly, com preço-alvo a R$ 2,50.
Possível acerto entre Mobly e Tok&Stok
Segundo matéria publicada pelo Valor Econômico, a home24 e o fundo de private equity Carlyle, atual controlador da Tok&Stok, teriam fechado os termos do acordo para realizar uma fusão.
A notícia destaca que a operação seria realizada através da troca de ações, de modo que os investidores da Mobly ficariam com 80% da nova empresa. Além disso, os acionistas da Tok&Stok ficaram com os outros 20%, incluindo os investidores que fundaram a companhia: Regis e Ghislaine Drubule.
Depois dessa possível fusão, a home24 estaria planejando realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) para os investidores da Mobly pelo valor de R$ 6,50, o que corresponderia a um prêmio de 68% quando comparado ao preço atual das ações.
A partir da divulgação dessa notícia pelo Valor Econômico, a B3 pediu que a Mobly prestasse esclarecimentos sobre o assunto, o que foi feito pela empresa hoje (5).
Conforme estimativas, a possível fusão da Mobly e Tok&Stok poderia gerar um ganho de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões na conexão e sinergia entre as empresas, principalmente nas questões de logística.
A Mobly teve uma receita líquida de R$ 128,2 milhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), cerca de 13,8% abaixo do divulgado no mesmo período de 2022. Enquanto isso, a Tok&Stok terminou o ano de 2022 com um prejuízo líquido estimado em R$ 460,7 milhões, revertendo o lucro de R$ 53,7 milhões de 2021.