Moat Capital reduz exposição em bancos em meio a crise

A crise causada pelo coronavírus (covid-19) causou mudanças no portfólio dos grandes gestores brasileiros. Na Moat, que possui R$ 4 bilhões sob gestão, os bancos perderam espaço e empresas que estavam até então esticadas, voltaram a ser objeto de cobiça.

“Antes da crise, tínhamos 20% em banco. Hoje, temos 4%. Reduzimos bancos e voltamos a comprar setores, como real estate, consumo, com Via Varejo, e achamos que o mercado veio muito barato”, disse Adriano Leite, sócio da Moat.

Para ele, o portfólio com 33 empresas da Moat atualmente permite que

“A diversificação também te permite que a tese de investimento permaneça no tempo que for necessário e também porque permite que você esteja errado. Um erro não detona todo um histórico que levei anos para construir”.

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Para Leite, um exemplo dessa tese de investimentos ocorre com a Oi (OIBR3).

“Temos um case que a gente gosta, uma posição pequena, que é Oi. Se ela fosse muito grande na carteira, provavelmente eu não teria mais. Do tamanho que a gente tem, mesmo com quedas grandes, conseguimos carregar. Então, tão ou mais preocupado com acertar o case, tentamos acertar o tamanho”, concluiu.

Confira a entrevista exclusiva do SUNO Notícias com Adriano Leite, sócio da Moat:

-Me fale um pouco da história, filosofia de investimento da Moat e quanto vocês tem sob gestão?
Começamos em 2015, quando um grupo de sócios se juntou para iniciar o negócio. Somos cinco sócios e, ao todo, somos 15 pessoas. São dois na gestão, seis na análise e mais um analista focado em análise de dados.

Temos cerca de R$ 4 bilhões sob gestão. Temos cerca de R$ 3,6 bilhões no long only, estratégia mais antiga, e R$ 300 milhões em long e short e o fundo mais novo, com cerca de um novo, é o long biased com R$ 55 milhões.

Nosso ponto de partida é uma análise fundamentalista para entender a empresa, parte qualitativa, modelagem, é meio padrão o que fazemos. Onde começamos a nossa diferença é que somos bem abrangentes na cobertura, sem filtros para análise, não excluímos nada, nem problemas de governança corporativa, se é estatal ou não, enfim, consideramos tudo desde que tenha uma liquidez razoável, desde que tenha liberdade para entrar e sair.

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No final das contas, o que buscamos incansavelmente é pegar boas histórias de simetria. Fazemos bastante exercícios para ver o que o preço está dizendo para nós e tentamos ver o que está muito discrepante. A partir de um determinado momento, se acharmos que a simetria é vantajosa, a empresa torna-se candidata a entrar na carteira.

Então nosso portfólio vai ser um conjunto de simetrias e procuramos ter a liquidez e também a diversificação. Seja em quantidade de posições, no long only, dificilmente teremos menos de 20 posições. Hoje temos 33 posições.

-Quais as vantagens de tanta diversificação?
A diversificação também te permite que a tese de investimento permaneça no tempo que for necessário e também porque permite que você esteja errado. Um erro não detona todo um histórico que levei anos para construir.

Temos um case que a gente gosta, uma posição pequena, que é Oi. Se ela fosse muito grande na carteira, provavelmente eu não teria mais. Do tamanho que a gente tem, mesmo com quedas grandes, conseguimos carregar. Então, tão ou mais preocupado com acertar o case, tentamos acertar o tamanho.

O portfólio também é vivo. Muitas vezes podemos aumentar ou diminuir posições. Via Varejo chegamos a ter uma posição de 4%, 5%. O papel subiu, vendemos. E agora, com a queda do papel de R$ 16 para R$ 4, começamos a comprar e hoje em dia voltou a ser uma posição importante do fundo.

É como se tivéssemos um cardápio com várias opções e, conforme ele entra em promoção, vamos movendo o portfólio.

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Antes da crise, tínhamos 20% em banco. Hoje, temos 4%. Reduzimos bancos e voltamos a comprar setores, como real estate, consumo, com Via Varejo, e achamos que o mercado veio muito barato, hoje em dia temos 33 papéis.

-Há algum setor, no momento, em preferência?
Hoje em dia acho que tem menos um setor específico e acho que é mais um conjunto de várias coisas diferentes.

Então temos uma série de posições em consumo, em real estate, em utilities, distribuidor de combustível achamos que estava super largado e voltamos a comprar, então basicamente o exercício foi analisar balanço para ver quem tem oxigênio para atravessar esse período e, por outro lado, vamos ver se realmente esta muito barato.

O nosso raciocínio foi escolher duas ou três para diversificar e reduzir um pouco esse risco e, a medida do tempo, vai afunilando de novo a carteira.

-Como você vê essa crise atual?
De um lado é uma coisa muito difícil e muito incerta, pois ninguém sabe quando as coisas vão voltar. Estão tendo alguns ensaios na Alemanha, na Espanha, mas ninguém sabe ainda direito como vai ser, a velocidade, se terá uma segunda onda. E foi uma porrada muito forte, que nos surpreendeu também, não imaginávamos que o ocidente ia parar igual a China parou.

É uma situação muito complicada para tentar fazer grandes adivinhações. Obviamente, discutimos todo dia sobre, mas o fato é que você tem muito pouca precisão para muita pouca variável.

Por outro lado, a única certeza é o preço da tela. E o preço da tela, de muitas coisas, ele indica que é um longo prazo muito tortuoso. Onde começa a dar um certo conforto para a gente ir montando posições e achar simetria de um mercado como um todo no longo prazo.

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Via Varejo chegou ao preço de quando a gestão era outra. Estatais também. Então, mesmo que essa epidemia durar três, quatro meses, é um horizonte de tempo muito curto para quando você está projetando valor de uma companhia que o grosso está lá na frente.

As pessoas perpetuam o curto prazo para o longo prazo. E tem uma outra coisa também, que não sabemos exatamente, que você está tendo uma enxurrada de liquidez e achamos bem provável você ter uma nova rodada de inflação de ativo.

Então quando olhamos fundamentos, entendemos que toda a crise chega uma hora que passa, essa rodada fiscal e monetária que estamos vendo, elas no final das contas apontam para uma flecha positiva para o mercado.

O curto prazo ainda está longe de ter uma clareza, mas no longo prazo, temos uma cabeça mais otimista, embora ainda haja uma série de perguntas geopolíticas e mesmo econômica, tem um terreno bastante fértil.

Entrevista com a Moat Capital

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Vinicius Pereira

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