Polônia: Após míssil matar duas pessoas, Otan rediscute posição na guerra da Ucrânia

Na terça (15), duas pessoas morreram em uma explosão de um míssil na Polônia. Ainda não há comprovação do local de onde o disparo foi feito. Primeiramente as autoridades do país mostram suspeição com a Rússia, mas na manhã desta quarta-feira (16), citaram que não há evidência de que o míssil veio do país comandado por Putin e que, na verdade, pode ter vindo do sistema de defesa antiaéreo da Ucrânia.

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Ainda na terça (15), logo após o Ministério de Relações Exteriores da Polônia confirmar a ocorrência do ataque com míssil, o embaixador russo no país, Lukasz Jasina, foi convocado para tratar do caso.

Primeiramente as autoridades da Polônia citavam que se tratava de um míssil de fabricação russa.

“No momento não temos provas inequívocas de quem disparou o míssil, uma investigação está em andamento. Era muito provavelmente de fabricação russa”, disse o presidente Andrzej Duda em coletiva na terça (15).

Nesta quarta, Duda disse: “Com a informação que temos e que nossos aliados também têm, foi um míssil S-300 fabricado na União Soviética, uma arma antiga. Não há evidência de que o míssil foi disparado pela Rússia“.

Segundo a Associated Press, contudo, a leitura de líderes americanos é de que a explosão poderá ter sido causada pelo sistema de defesa antiaérea da Ucrânia.

A ministra da Defesa da Bélgica, Ludivine Dedonder, deu declarações no mesmo sentido. “De acordo com as informações disponíveis, os ataques foram o resultado dos sistemas de defesa antiaérea ucranianos, utilizados para contra-atacar os mísseis russos”, disse.

O projétil atingiu uma fazenda de grãos localizada em Przewodow, uma cidade que fica justamente próxima à fronteira com a Ucrânia. De acordo com o governo polonês, a cidade foi atingida por volta das 15h40 no horário local.

“As autoridades estão no local investigando o episódio e continuarão a investigar por toda a noite ou o tempo que for necessário para esclarecer esse caso”, disse o porta-voz do governo polonês, Piotr Muller.

Em coletiva, Muller também citou que a nação avalia ‘elevar o nível de alerta de algumas unidades de combate’.

Em nota, o Ministério da Defesa da Rússia disse que as alegações sobre a origem do míssil são “uma provocação deliberada com o objetivo de agravar a situação”.

“Nenhum ataque a alvos perto da fronteira entre Ucrânia e Polônia foi feito por meios de destruição russos”, disse o Governo Russo, em nota.

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, endossou a tese de que o míssil teria vindo da Rússia.

Líderes da Otan se reúnem para rediscutir Guerra entre Rússia e Ucrânia após o ocorrido - Foto: Reprodução/Casa Branca
Líderes da Otan se reúnem para rediscutir Guerra entre Rússia e Ucrânia após o ocorrido – Foto: Reprodução/Casa Branca

“Quanto mais a Rússia sentir impunidade, mais ameaças haverá para qualquer um ao alcance dos mísseis russos. Disparar mísseis conta o território da Otan. Este é um ataque de mísseis russos contra a segurança coletiva. Esta é uma escalada muito significativa. Devemos agir”, disse.

A líder da União Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que o míssil atingiu a Polônia logo após ataques ao território ucraniano e classificou o evento como “alarmante”.

Míssil na Polônia aumenta tensão com a Otan

Em meio à Guerra entre Rússia e Ucrânia, o ocorrido aumenta a tensão entre os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan.

A normativa atual da Organização – que contempla 30 países, dentre eles os Estados Unidos e a Polônia – prevê que “as Partes serão consultadas sempre que, na opinião de qualquer delas, houver ameaça à integridade territorial, à independência política ou à segurança de uma das Partes”, conforme o Artigo 4º.

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Além disso, o Artigo 5º diz que “um ataque armado contra uma ou várias das partes na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas”. O mesmo dispositivo prevê “emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança”.

O presidente americano Joe Biden já se reuniu com líderes mundiais membros da Otan, incluindo autoridades da Alemanha, Canadá, Holanda, Japão, Espanha, Itália, França e Reino Unido.

O encontro foi convocado pelo democrata logo após o ocorrido e em caráter emergencial, já que vários líderes estavam em Bali, na Indonésia, para a 17ª reunião da cúpula do G20.

Porta vozes da Polônia já destacaram esperar um posicionamento dos EUA, que atualmente é o país mais relevante da aliança militar.

O chefe do Escritório de Segurança Nacional da Polônia, Jacek Siewiera, se pronunciou sobre o caso e citou o artigo que prevê consultas e reuniões em casos de ameaças à integridade territorial.

“Verificamos as premissas do Artigo 4 da Otan. Estamos em contato com nossos aliados e esperamos conversas com o lado americano”, disse.

Ainda nesta quarta (16) embaixadores e membros da Otan se encontram para debater o assunto. Um diplomata que não foi identificado disse à Reuters que “vai agir cautelosamente e precisará de tempo para verificar o que aconteceu com precisão”.

O dia é de reunião do G20 e, neste contexto, líderes mundiais já citam o encontro como relevante para discutir o caso do míssil na Polônia. O presidente da França, Emmanuel Macron, solicitou ‘verificações necessárias’ e também afirmou que a reunião do G20 será palco para a discussão da Guerra na Ucrânia.

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Eduardo Vargas

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