Bolsonaro exonera ministro de Minas e Energia após alta do diesel
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi exonerado da chefia do ministério nesta quarta-feira (11), por meio de decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU), em meio a críticas do Planalto sobre altas nos preços de combustíveis. A pasta, vale frisar, é o ‘elo’ entre o Governo Federal e a Petrobras.
Com a saída de Bento Albuquerque do MME, Adolfo Sachsida foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) como o novo ministro de Minas e Energia. Anteriormente, Sachsida estava na chefia da Assessoria Especial do Ministério da Economia.
No Twitter, Sachsida postou mensagem de agradecimento a Bolsonaro, a Paulo Guedes, ministro da Economia, e a Albuquerque.
“Agradeço ao Presidente Jair Bolsonaro pela confiança, ao ministro Guedes pela apoio e ao ministro Bento pelo trabalho em prol do país. Com muito trabalho e dedicação espero estar a altura desse que é o maior desafio profissional de minha carreira. Com a graça de Deus vamos ajudar o Brasil”.
A exoneração do almirante Bento Albuquerque ocorre um dia após o ajuste do preço do diesel, anunciado pela Petrobras na segunda-feira (9) passar a valer nas refinarias.
Em live nas redes sociais na última quinta-feira, dia 5, Bolsonaro criticou a política de preços da Petrobras e pediu que os mesmos ficassem congelados.
Na ocasião, o presidente chegou a citar nominalmente Bento Albuquerque, além de José Mauro Coelho, presidente da Petrobras, ao afirmar que os servidores “não podem” aumentar o preço dos combustíveis.
“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm. Vocês não podem quebrar o Brasil. É um apelo agora: Petrobras, não quebre o Brasil, não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir. Vocês têm lucro, têm gordura e têm o papel social da Petrobras definido na Constituição”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro também criticou o lucro registrado pela estatal no primeiro trimestre deste ano, enfatizando que o povo é violado em favor do acionista da companhia.
Entenda o imbróglio na Petrobras e no Ministério de Minas e Energia
Sendo a pasta que ‘manda’ na estatal, dado que a União ainda é o acionista majoritário, o MME tem sido o principal alvo de críticas do presidente ao não conter as mudança nos preços – ainda que as mesmas tenham fundamento nas regras de governança vigentes, como a paridade internacional, aprovada em 2017.
O presidente fez apelos para que a Petrobras não voltasse a aumentar o preço dos combustíveis no Brasil, dado que a gasolina sofreu um reajuste nas semanas anteriores, após mais de 50 dias com preços congelados.
À época, a alta da gasolina ocorria após uma elevação do preço do petróleo Brent, que beirou US$ 140 com a Guerra na Ucrânia. Atualmente, a commodity encontra-se cotada a US$ 106 por barril.
Durante uma transmissão ao vivo por redes sociais, afirmou que os lucros registrados recentemente pela empresa são “um estupro”, beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira.
Bolsonaro fez as críticas logo antes de a petrolífera divulgar seu resultado financeiro, que demonstrou lucro de R$ 44,561 bilhões somente nos três primeiros meses de 2022 – cifra 3.718% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Em todo o ano de 2021 a companhia registrou lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões.
“O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem aumentar mais os preços dos combustíveis”, disse Bolsonaro na ocasião.
Cinco dias depois, a estatal realizou o reajuste de 8,87% no diesel para as refinarias, elevando o preço médio do litro de R$ 4,51 para R$ 4,91. A mudança suscitou novas críticas e precedeu a exoneração de Albuquerque da pasta de Minas e Energia.