Bruno Le Maire, ministro da Economia francês, se posicionou contra a venda do Carrefour à canadense Couche-Tarde, maior rede de lojas de conveniência e postos combustíveis do mundo, após esta ofertar 16,2 bilhões de euros pela rede de supermercados. Le Maire afirmou na última quarta (13), um dia após a notícia das negociações serem divulgadas, que a venda colocaria em risco a soberania alimentar da França.
A fala do ministro, feita em entrevista a uma televisão francesa, deve complicar as negociações das duas empresas. Segundo Le Maire, o Carrefour é o maior empregador privado da França e uma grande chave na cadeia de suprimentos do país. “A ideia de que o Carrefour pode ser comprado por um concorrente estrangeiro, à primeira vista, não me soa favorável”, disse.
A Couche-Tard afirmou querer uma combinação amigável com o supermercado francês. Mas seu valor de mercado, que é muito maior, não deixa dúvidas de que é a canadense que dará as cartas no caso da negociação sair do papel, de acordo com o Financial Times.
A oferta de 20 euros por ação para a aquisição do Carrefour, com prêmio de cerca de 30%, surpreendeu os investidores, principalmente por conta das diferenças de operação e geográficas de ambos os negócios.
Couche-Tard que adquirir Carrefour para ter acesso mais rápido a novos mercados
O grupo canadense, segundo comentários, quer adquirir o Carrefour para ter acesso mais rápido a novos mercados, principalmente aos emergentes, como no caso da América Latina.
A Couche-Tard tem a reputação de ser uma ótima operadora e o Carrefour passa, há cerca de três anos, por uma reestruturação de seus negócios, que vem atrasando a saída dos principais sócios, que aguardam o desbloqueio de valor
Resta saber como as negociações serão impactadas após a fala do ministro. Le Maire afirmou que as aquisições de empresas consideradas estratégicas, como seria o caso do Carrefour, exigem a aprovação do Estado.
Além da posição do governo, a aquisição do Carrefour pela canadense depende também da aprovação dos três maiores sócios, que, juntos, controlam 23% das ações. Entre eles está o bilionário brasileiro Abílio Diniz, que possui 7,5% da rede de supermercados.
Em nota, a Couche-Tard diz que a transação ainda está discussão. O Carrefour não comentou as conversas e afirmou que elas são ainda muito preliminares.