A Minerva (BEEF3) informou na noite de quinta-feira (13) que irá iniciar estudos para mudar a oferta de suas ações para o exterior, processo conhecido como “redomicialização”, após sinal verde do conselho de administração da companhia.
“Os membros da diretoria foram autorizados a iniciar estudos referentes a um potencial processo de redomiciliação da Companhia, que poderá resultar na migração de sua base acionária para sociedade a ser constituída no exterior, com listagem das ações dessa sociedade no respectivo mercado estrangeiro”, informou.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico, o principal alvo da Minerva é mudar as suas ações para a Nasdaq, em Nova York.
A recomendação do BTG Pactual (BPAC11) para a empresa depois do anúncio é neutra, com o preço-alvo de R$ 12,00, visto que o processo de redomiciliação não é tão simples e pode demorar a acontecer, se acontecer, segundo o banco.
Já a Genial recomenda a compra das ações BEEF3, com preço-alvo de R$ 13,10, reforçando uma visão positiva sobre a Minerva neste ano, que já era anterior ao anúncio de migração dos papéis.
‘Investidores devem abraçar possibilidade de evento que desbloqueie valor’, avalia BTG Pactual sobre Minerva
Segundo o banco BTG, a Minerva está há anos de olho em oportunidades para destravar valor à empresa.
“Esta não é a primeira vez que o conselho da empresa expressou descontentamento com o valuation da empresa, nem a primeira vez que nos surpreende com anúncio de estar procurando novas alternativas para destravar valor”, destaca a avaliação do banco.
Para o BTG, além da Minerva, outras companhias de proteína animal, como a JBS (JBSS3) e a Marfrig (MRFG3), também tentaram caminhar com os planos de redomicialização, porém sem sucesso.
“Nossa visão é de que este não é um processo simples, e pode levar tempo, uma vez que a Minerva ainda está ‘testando a temperatura da água'”, aponta.
Entre os entraves, o BTG destaca a necessidade de análise das implicações fiscais, bem como da possibilidade de direitos a “super voto“, prática comum no mercado americano e incompatível com a listagem de Novo Mercado na B3.
O BTG disse que mantém a recomendação neutra para os papéis, reflexo da avanço do setor no Brasil que deve ser mais intenso apenas a partir de 2023. Para 2022, o banco prevê multiplicador de 10,4 vezes o preço lucro, de 5,0 para o valor de mercado/Ebitda e 3,6% de dividend yield.
Genial Investimentos destaca potencial de 30% para valorização dos papéis
Após o anúncio de redomicialização, a Genial Investimentos publicou relatório em que reforça visão positiva para a Minerva este ano e recomendação de compra para a empresa, com preço-alvo de R$ 13,10, valorização de 29,96% sobre o fechamento ontem de R$ 10,08.
Além do processo de mudanças da suas ações para outro país, a casa também destaca:
- as recentes atualizações de exportações brasileiras de carne bovina;
- avanços no ramo ESG; bem como
- o começo das operações no mercado australiano.
“Os resultados do 4T21 da Minerva ainda devem vir mais negativos, dado o cenário desafiador do final do ano passado. Porém, ao longo desse ano esperamos ver melhoras consideráveis na performance da empresa”, informa.
Segundo a Genial Investimentos, “ao longo dos últimos anos a companhia deixou de ser essencialmente brasileira, tendo cerca de 50% de sua receita sendo originada em demais países da América do Sul (Paraguai, Uruguai, Argentina, Colômbia e Chile), além de iniciar seu projeto de expansão na Austrália.”
“Uma listagem fora seria um símbolo de reconhecimento por isso, além de atrair e dar acesso a mais investidores.”
Conforme avalia, a empresa tem um múltiplo valor de mercado/Ebitda avaliado em 5,3x para 2022. “Se a Minerva passar a ser negociada na bolsa americana, a tendência é de uma melhoria no múltiplo, [uma vez que] mais de 70% da receita já é dolarizada”, conclui.