O Itaú BBA manteve recomendação outperform, equivalente a compra, para Minerva (BEEF3), mas reduziu seu preço-alvo. O BBA aponta que está adotando uma perspectiva mais conservadora sobre os ativos adquiridos pela companhia até ver lucratividade em potencial.
“A ação da BEEF3 caiu 25% desde o anúncio da aquisição [de ativos da Marfrig (MRFG3)], refletindo uma possível desvalorização dos múltiplos. Estamos ajustando nossas estimativas para incorporar a aquisição e para melhor refletir a estrutura de capital mais alavancada e os riscos de execução aumentados”, afirma o BBA.
Para o BBA, a aquisição da Minerva envolvendo frigoríficos da Marfrig está alinhada com os objetivos de longo prazo da empresa, mas é influenciada por dinâmicas pró-cíclicas. Com isso, a aquisição adia uma redução de alavancagem.
A empresa, conforme relatam os analistas, agora enfrenta o desafio de melhorar as taxas de utilização de sua capacidade para maximizar a extração de valor dos novos ativos.
Diante disso, o BBA mantém recomendação de compra para a ação da Minerva, com preço-alvo de R$ 11 (antes era R$ 17). O papel do frigorífico fechou em alta de 0,25% nesta quarta (4), cotado a R$ 8,15.
Minerva: aquisição adia a esperada redução da alavancagem, afirma BBA
De acordo com os analistas, a aquisição dos ativos da Marfrig adiam a esperada redução da alavancagem da Minerva.
Os investidores, segundo o BBA, parecem ter percebido que a M&A da Minerva é um adiamento da geração esperada de FCFE (Fluxo de Caixa do Acionista), uma vez que era esperdo se beneficiar dos ventos favoráveis de uma recuperação no ciclo de gado brasileiro nos próximos anos, com risco de execução limitado.
“Acreditamos que a principal resistência ao acordo seja o EV/Ebitda implícito de ~10x, que poderia se comprimir para um EV/Ebitda mais aceitável de 5x em 2024, assumindo as expectativas da Minerva”, aponta o BBA.
A estimativa da equipe do BBA é um Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,3 bilhão para os novos ativos precificados, implicando em um Ebitda incremental de 10%.
Sob essas suposições, o BBA vê a ação sendo negociada a 4,1x EV/Ebitda em 2024, o que pode implicar uma possível desvalorização leve devido ao maior endividamento e aos riscos de execução aumentados.
“Nossas estimativas atualizadas para 2024 pressupõem a contribuição das novas plantas de abate a partir do 1T24 e a entrega do ramp-up previsto dos ativos. Nossas suposições incluem uma receita líquida anualizada de R$ 16 bilhões, uma margem Ebitda de 8,5% “, conclui o BBA.
Minerva fecha acordo para a compra de ativos da Marfrig
Em agosto, a Minerva (BEEF3) e sua controlada Athn Foods Holdings firmaram contratos de compra e venda de ações para adquirir ativos da Marfrig (MRFG3) pelo valor de R$ 7,5 bilhões.
A Minerva deverá comprar alguns estabelecimentos industriais e comerciais de propriedade da Marfrig que estão localizados no Brasil, Argentina e Chile.
Já a Athn Foods deve comprar a participação societária em controladas uruguaias da Marfrig, adquirindo de forma indireta determinados estabelecimentos industriais e comerciais de propriedade de controladas da companhia situadas no Uruguai.
As duas operações estão sujeitas a determinadas condições precedentes, como a aprovação das autoridades concorrenciais, por exemplo.
No caso da operação envolvendo a Minerva e a Marfrig, a vendedora constituirá uma nova empresa brasileira, com o intuito exclusivo de receber e passar a deter os ativos, enquanto a Marfrig e suas controladas deverão implementar procedimentos de transferência e titularidade dos negócios para a NewCo criada.
BB Investimentos não descarta riscos em acordo com Marfrig
Em relatório, o BB Investimentos afirmou, após anúncio de aquisição das operações da Marfrig pela Minerva na América do Sul, que enxerga pontos positivos da operação para as duas empresas – mas observa riscos de execução de uma transação deste porte, especialmente para a Minerva, que está se alavancando para financiar a operação.
Ao mesmo tempo, o BB Investimentos vê grande valor estratégico de posicionamento de longo prazo para a Minerva e a clara complementariedade das operações adquiridas, enquanto a Marfrig endereça uma parte de sua desalavancagem financeira e direciona esforços para o que chamou de “otimização do portfólio”, com foco na produção de produtos processados.
Ainda de acordo com o BB, a Minerva deve se beneficiar da redução do custo do gado em suas margens nos próximos trimestres enquanto foca na integração e captura de sinergias das novas operações adquiridas ao longo do próximo ano, buscando a redução da alavancagem e o retorno do pagamento de dividendos de forma consistente, como foi feito nos últimos anos.
Já a Marfrig deve continuar enfrentando os ventos contrários de margens pressionadas nos negócios da América do Norte enquanto a venda das unidades para a Minerva beneficia sua estrutura de capital, ao
menos momentaneamente, pontuou a casa.