A China anunciou um novo pacote de estímulos econômicos, a fim de apoiar o mercado imobiliário do país. Como consequência, o minério de ferro tende a se valorizar, mas de acordo com a Genial, o movimento chinês não será suficiente para garantir a recuperação da commodity.
O banco central chinês, conhecido como PBoC, reduziu o compulsório bancário em 50 pontos-base e cortou a taxa de recompra reversa de sete dias em 20 pontos-base. Além disso, Pequim anunciou novas medidas para estimular a combalida indústria imobiliária do país.
Nessa esteira, o minério de ferro subiu 4,60% na Bolsa de Dalian nesta madrugada, enquanto a Vale (VALE3) salta 4,69% nos primeiros minutos do pregão do Ibovespa nesta terça-feira (24). A Genial, contudo, prega cautela.
A casa diz que espera uma política fiscal chinesa mais expansionista, porém gradual, incluindo emissões de títulos do governo e redução das taxas de hipoteca. No entanto, a flexibilização das restrições de compra de imóveis, como a remoção de distinção entre primeiros e segundos compradores, não deverá impactar significativamente o mercado imobiliário, segundo a Genial, dado que flexibilizações anteriores já se mostraram ineficazes.
Os analistas ressaltam que a crise imobiliária na China vem se aprofundando, com 48 milhões de casas pré-vendidas ainda não concluídas. A taxa de não conclusão de projetos aumentou para 47% entre 2015 e 2023, em comparação a 17% antes de 2015, o que reflete também uma crise demográfica no país.
Assim, mesmo com intervenções do governo, a Genial destaca que as construtoras enfrentam desafios de liquidez, enquanto as entregas de projetos estão atrasadas.
Sobre a macroeconomia na China, o relatório da Genial Investimentos chama a atenção para os seguintes pontos negativos:
- As vendas no varejo ficaram abaixo do esperado, com desaceleração no crescimento. A principal causa foi o fraco desempenho do setor imobiliário, afetando a renda familiar
- .A inflação (CPI) registrou leve alta devido ao aumento dos preços dos alimentos, mas a economia continua em um quadro quase deflacionário.
- O índice de preços ao produtor (PPI) caiu significativamente, indicando um consumo fraco e pressão deflacionária.
Diante disso, a casa cortou as previsões de crescimento do PIB chinês para 4,5% em 2024 (antes 4,8%) e 4,2% em 2025 (antes 4,6%), citando a desaceleração do setor imobiliário chinês e o consumo doméstico.
Por fim, os analistas também chamam a atenção para o fato de que os estoques de minério de ferro nos portos chineses caíram 6,15% na última semana, mas ainda estão acima da média histórica de 5 anos.