Por que até mesmo os milionários perdem dinheiro aplicando na poupança?
Um levantamento divulgado pela Anbima (Asssociação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) indica que a parcela mais rica da população brasileira guarda R$4,5 bilhões na poupança.
Mas por quê? Afinal, a poupança rende apenas 0,37% ao mês, um rendimento muito baixo em comparação a outras opções de renda fixa, por exemplo. Um investimento de R$10 mil por quatro anos renderia o montante de R$1.777,01. Enquanto isso, um CDB de 122% da CDI renderia R$3.195,29. A diferença é grande e faz questionar a aptidão financeira dos milionários, que tendemos a acreditar terem mais domínio sobre seu dinheiro.
Segundo a assessora de investimentos da Monte Bravo Investimentos Daiane Reis, a explicação está na cultura financeira do brasileiro. Para ela, nós temos uma tendência muito forte a realizar todas as nossas operações financeiras dentro do banco, onde a poupança costuma ser a maneira mais fácil de fazer nosso dinheiro render juros.
Embora hoje as opções de investimento em corretoras sejam cada vez mais diversificada, ainda existe a tendência cultural a acreditar que corretoras só lidam com renda variável e investimentos arriscados. No entanto, muitas corretoras hoje oferecem investimentos conservadores e em renda fixa, como CDBs, LCI, LCA, e Tesouro Direto, que renderiam mais que a poupança.
Antigamente, a poupança era vista como “porto seguro”, e essa visão ainda perdura na sociedade, inclusive entre os milionários, segundo Felipe Macedo, sócio da Messem Investimentos. “[O mercado de investimentos] não é ensinado nas escolas, nem nas universidades e não é transmitido nas emissoras abertas. Assim, os investimentos ficam para um grupo seleto de pessoas que busca por essas informações”, ele afirma.
Segundo Macedo, um grande motivo de milionários perderem o potencial de seu dinheiro em aplicações como a poupança é a falta de tempo e interesse em gerir suas finanças. A maior parte do tempo deles muitas vezes acaba sendo direcionada a gerir as operações de seu trabalho ou empresa, fazendo com que a possibilidade de investir os ganhos fique em segundo plano.