O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, reafirmou, nesta segunda-feira, os planos de privatizar a estatal de petróleo e gás YPF, em um esforço para cumprir a promessa de campanha de reduzir radicalmente o tamanho do Estado.
Em entrevista à rádio argentina Mitre, o presidente eleito da Argentina explicou que o primeiro passo será garantir a recuperação dos resultados da empresa para assegurar uma venda da YPF de maior valor. O libertário pretende também entregar ao setor privado o comando de companhias de comunicação, entre elas a Rádio Nacional e a agência de notícias Telám.
Após as declarações, as American Depositary Receipts da YPF em Nova York saltaram 39,8% na Bolsa de Nova York, no fechamento.
Segundo Milei, o novo governo da Argentina começará justamente com as reformas macroeconômicas, em particular o reequilíbrio das contas públicas. O presidente eleito disse que almeja solucionar a questão das Leliqs, os títulos emitidos pelo Banco Central que financiam a dívida pública.
Entidades do agro da Argentina pedem a Milei trabalho conjunto
Entidades do agronegócio argentino deram parabéns ao presidente eleito da Argentina, Javier Milei, e pedem a ele que trabalhe conjuntamente com o setor produtivo. Em manifestações após o segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, ocorrido no domingo (19), representantes de produtores reforçaram as demandas do setor já apresentadas aos candidatos no primeiro turno, sendo as prioridades o fim das retenciones (taxação sobre as exportações agropecuárias), a unificação do câmbio e a liberação de cotas e estoques para exportações.
“Acreditamos que o presidente Javier Milei deveria convocar o setor produtivo para trabalhar em conjunto e traçar políticas agrícolas para o campo. Da mesma forma, esperamos que a redução e eliminação dos impostos e limites sobre as exportações ocorra em breve e comecemos a trilhar o caminho do crescimento do nosso país”, disse o presidente da Confederação Rural Argentina (CRA), Carlos Castagnani, em nota enviada ao Estadão/Broadcast.
A CRA reivindica também do novo governo a recriação do Ministério da Agricultura, que foi transformado em Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca na gestão de Alberto Fernández. “Isso também é importante”, afirmou Castagnani.
A Sociedade Rural Argentina (SRA), ao cumprimentar a vitória de Milei, também afirmou que espera trabalhar conjuntamente para a “solução dos problemas do país. “O novo governo terá o apoio do campo, porque agora se abre uma grande oportunidade para trabalharmos juntos para fazer uma mudança radical nas políticas atuais. Há anos alertamos: com intervenções nos mercados, retenciones e cotas de exportação, distorção cambial e alta pressão tributária, entre outros fatores, a produção fica estagnada”, afirmou a SRA em nota. “Trabalharemos lado a lado para que o novo presidente possa suprir a falta de oportunidades que muitos argentinos têm e que nós, produtores, possamos recuperar a confiança para produzir”, concluiu a entidade.
Durante a campanha eleitoral, Milei prometeu a dolarização da economia, a redução gradativa e fim das retenciones em até dois anos, a remoção de cotas e tarifas no comércio internacional, eliminação das tarifas de importação de insumos e revogação da lei de terras permitindo compra por estrangeiros.
FMI: Georgieva parabeniza novo presidente e defende ‘plano forte’ por estabilidade na Argentina
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, parabenizou o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, pela vitória. “Esperamos trabalhar em estreita colaboração com ele e com a sua administração no próximo período para desenvolver e implementar um plano forte que salvaguarde a estabilidade macroeconômica e fortaleça o crescimento inclusivo para todos os argentinos”, escreveu Georgieva no X (antigo Twitter) na manhã desta segunda-feira, 20. A Argentina está no meio de um processo de reestruturação de uma dívida de cerca de US$ 45 bilhões com o FMI, tomada durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri. Em julho, as duas partes fecharam um acordo para flexibilizar o plano e destravar a liberação de US$ 7,5 bilhões ao país.
Com Estadão Conteúdo
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