A mídia estatal chinesa acusou o acordo aprovado pela Casa Branca para tornar o TikTok uma companhia sediada nos Estados Unidos de “sujo e injusto”, dizendo que Pequim não tinha “motivo algum” para concordar o acordo apoiado pelo presidente Donald Trump.
As colunas editoriais de vários grupos de comunicação estatais da China sinalizaram que Pequim pode não ratificar o acordo que pode colocar a rede social de vídeos curtos nas mãos dos Estados Unidos, enquanto as tensões entre as quem irá deter o controle do TikTok Global ameaçam desfazer o acordo apoiado pela Casa Branca no final de semana.
A mídia estatal imprensa em língua inglesa China Daily denunciou na última quarta-feira (22) o acordo como baseado em “bullying e extorsão”, um dia depois que o nacionalista Global Times e a versão online do People’s Daily, do Partido Comunista, publicaram opiniões semelhantes.
Ao mesmo tempo, a controladora chinesa do TikTok, ByteDance, e seus possíveis parceiros norte-americanos comunicaram declarações incompatíveis em relação a detalhes importantes do acordo. A mídia estatal chinesa focou nos termos divulgados pelo Walmart e a pela Oracle.
Informações conflitantes sobre acordo do TikTok
Um executivo da companhia de tecnologia estadunidense Oracle afirmou nesta segunda-feira que a ByteDance não possuiria “controle algum” sobre o TikTok Global em vista de como as participações seriam distribuídas.
A empresa chinesa, por sua vez, comunicou que o TikTok Global seriam “100 por cento” uma subsidiária controlada, na qual iria manter a posição 80% após levantar recursos em uma potencial oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
Além disso, a dissonância se estende a quem irá deter os direitos do algoritmo de recomendação da rede social e do fundo de educação de US$ 5 bilhões (equivalente R$ 27,79 bilhões) que, segundo o presidente Donald Trump, a ByteDance financiaria. A companhia, no entanto, informou que somente teria ouvido falar do fundo na imprensa.
“Um truque para finalmente assumir o controle da TikTok”, acusou o China Daily. Não é a primeira vez que os Estados Unidos usam esses truques sujos para intimidar empresas estrangeiras a fim de destruí-las ou tomá-las.”
No mesmo sentido, o Global Times publicou que o país não “entregaria o controle de uma excelente empresa chinesa de alta tecnologia a extorsionários”; enquanto o People’s Daily acrescentou que “enfrentando lobos, você tem que lutar se quiser uma chance de sobreviver.”
ByteDance ainda precisa do sinal verde da China
No mês passado, o governo chinês proibiu exportações sem licença de algoritmos de recomendação e, com isso, a ByteDance informou que precisará da assinatura de Pequim para dar continuidade ao acordo.
“A China não tem razão para dar sinal verde a tal negócio”, publicou o China Daily, no editorial. “Ceder às exigências irracionais dos EUA significaria a ruína da empresa chinesa ByteDance” e do TikTok, acrescentou.
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