O empresário Michael Klein, filho do fundador da rede Casas Bahia, Samuel Klein, pretende adquirir o controle da Via Varejo. De acordo com o “Estado de S. Paulo”, o acionista almeja atingir seu objetivo por meio da pulverização da participação do atual controlador, o Grupo Pão de Açúcar (GPA). Ou seja, controlar a varejista sem realizar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA).
Com o contexto, as ações ON da Via Varejo (VVAR3) caíram 4,32% a R$ 4,65. Isto no fechamento do pregão da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão).
O empresário mira uma transação que não configure uma troca de controle da Via Varejo. Isto para que a operação não ative a proteção legal concedida aos acionistas minoritários, denominada tag along.
Os minoritários são os acionistas que detém ações ordinárias (ON). O tag along protege tais investidores por meio do artigo 254-A da Lei das Sociedades Anônimas.
Deste modo, “sempre que o controle da empresa for vendido, o novo controlador deverá oferecer aos minoritários ON, pelo menos, 80% do valor pago para comprar as ações do bloco de controle”, conforme o economista da Suno Research, Tiago Reis.
Ainda segundo o economista, a proposta deve ser feita pelo comprador por meio de uma OPA.
Atualmente, a Via Varejo, dona da Casas Bahia e do Pontofrio, é controlada conforme as participações:
- GPA: participação de 36,27%;
- Família Klein: participação de 25,24%;
- e minoritários: totalizam participação de 38,46%.
Assim, com a pulverização das ações do GPA, a Família Klein teria o controle da varejista com a participação de 25%. Com essa estratégia, Michael Klein mira também manter a Via Varejo listada na B3.
Em julho de 2018, Michael Klein teria proposto que o GPA realizesse um follow on de ações. Entretanto, a administração do grupo não considerou a ideia.
Busca por investidores interessados na Via Varejo
Michael Klein teria conversado com fundos que entrariam com o capital na aquisição da Via Varejo. Como o fundo soberano de Cingapura.
Além disso, segundo o “Estado de S. Paulo”, a Starboard teria indicado interesse em adquirir a Via Varejo em conjunto com a estratégia de Michael Klein.
Contudo, o “Valor Econômico” aponta que a Starboard deve fazer proposta a parte para comprar a varejista.
Saiba mais – Via Varejo aprova retirada da “pílula do veneno” do estatuto social
Via Varejo retira “pílula do veneno” do estatuto
A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) dos acionistas da Via Varejo aprovou na última segunda-feira (3) a retirada da cláusula do estatuto social, conhecida como “poison pill” (“pílula do veneno”).
De acordo com Reis, as “poison pills” são “táticas criadas pelas empresas para desencorajar ou até mesmo impedir aquisições hostis de companhias no mercado de capitais“.
Desta forma, a empresa de comércio varejista removeu de seu estatuto a regra de que: se um acionista atingir a quantidade igual ou superior a 20% dos papeis, tal acionista terá que realizar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA).
“Com a diluição do capital das empresas em vários acionistas minoritários é muito comum que ocorra uma disputa pelo poder de voto através de aquisições de ações dispersas no mercado. Esse tipo de comportamento é denominado no mercado como hostile takeovers“, explica Reis.
A remoção da cláusula no estatuto social, por um lado, desprotege os minoritários. Por outro, aumenta a liquidez da companhia, e torna mais fácil para que os controladores da varejista possam se desfazer da participação na empresa varejista.
Saiba mais – Dono da Ricardo Eletro tem interesse em aquisição da Via Varejo
Lojas Americanas nega interesse na Via Varejo
A Lojas Americanas negou que exista uma negociação para comprar a Via Varejo na última segunda-feira (3). Assim, de acordo com a rede, não há intenção de comprar a parte do Grupo Pão de Açúcar (GPA) na varejista.
A declaração da Lojas Americanas veio em resposta à informação divulgada pelo colunista do jornal “O Globo”. No domingo (2), o jornalista Lauro Jardim afirmou que a rede de lojas tinha interesse na varejista.
Starboard e Apollo
A brasileira Starboard Partners e a sua sócia, a gestora norte-americana Apollo, devem ter reunião com o Grupo Casino neste mês para discutir, preliminarmente, a possível aquisição da Via Varejo (VVAR3).
A Starboard tem participação de 72% na Máquina de Vendas, que é a controladora das redes Ricardo Eletro e da Lojas Insinuante.
De acordo com o “Estado de S. Paulo”, a aquisição da Via Varejo pode ser financiada pelo fundo de R$ 1,5 bilhão constituído pela Starboard. Neste fundo, a gestora Apollo tem US$ 250 milhões.