Com a saída da Ford da produção de caminhões, a Mercedes-Benz, líder do mercado no Brasil, pretende ocupar esse espaço.
“Estamos de olho e temos condições de atender ao perfil desse cliente [da Ford], mas ainda é cedo”, disse o presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Philipp Schiemer. A declaração foi dada na noite da última quinta (28) após participar de evento de inauguração de uma nova linha de montagem da empresa em São Bernardo no Campo.
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E é justamente desta cidade que a Ford vai sair, conforme anúncio feito em 19 de fevereiro. Com o fechamento de sua unidade no ABC paulista, a montadora americana vai deixar também o mercado de caminhões, já que se trata da única unidade da empresa no mundo que produz esse tipo de veículo. Segundo a montadora, essa medida é uma dos passos para “o retorno a lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul“.
Schiemer disse que a fábrica em São Bernardo opera com 50% de ociosidade, havendo, portanto, espaço na produção para absorver a demanda. Essa é também uma das razões pelas quais a Mercedes-Benz não se interessou por adquirir a fábrica da concorrente – cuja aquisição já teve procura da Caoa.
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O executivo também afirmou que a situação do mercado de caminhões no Brasil está complicada, mas vê potencial nele. “O resultado de investimento da indústria no PIB é um péssimo sinal. E não se investe por razões óbvias. Há um déficit fiscal alto que, se não for resolvido, fica difícil convencer a colocar dinheiro novo aqui no Brasil”, declarou. “Não falo de incentivos, mas sim de criar condições para que possamos competir internacionalmente”.
O plano da Mercedes-Benz é investir R$ 2,4 bilhões no País até 2022, conforme anúncio de 2017. A nova linha de produção apresentada na quinta-feira faz parte desses aportes, com custo de R$ 100 milhões.