Não é algo novo pensar em sustentabilidade. Pensar de maneira consciente e procurar criar produtos mais sustentáveis não é de hoje. E está cada vez mais está na agenda das empresas.
Se por um lado quando no mundo dos negócios é evocada a etiqueta da sustentabilidade é possível pensar rapidamente em duas razões.
A empresa pode se importar com o meio ambiente e em como ele interage com nós – seres humanos. Nesta primeira linha, está em foco um modelo que não coloca o lucro acima de tudo. Antes, visa reconhecer o papel da humanidade na preservação do meio onde vive.
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Aos que a primeira abordagem aparenta ingênua e romântica demais, existe também um pensamento mais pragmático no que diz respeito aos negócios. Nem sempre se pode acreditar fielmente na legenda a empresa passa. Muitas vezes ela olha diretamente para o lucro do negócio. Neste caso, a sustentabilidade em questão seria um pano de fundo para atrair novos nichos para o negócio.
Atualmente, as duas formas estão juntas. Ao mesmo tempo em que as empresas se alinham a normas ambientais cada vez mais severas, elas melhoram sua imagem para o público. O resultado final continua o mesmo. Tornar-se sustentável hoje pode ser altamente lucrativo.
Mercado consumidor em ascensão
Um estudo realizado em 2018 pelo Instituo Akatu sobre consumo sustentável revelou que o número em ascensão de quem consome consciente no Brasil. Além disso, mostra-se o perfil das pessoas que pensam de forma sustentável. A pesquisa adota alguns critérios de uma vida mais sustentável para dividir os entrevistados em quatro grupo: indiferente, iniciante, engajado e consciente.
O levantamento “Panorama do Consumo Consciente no Brasil” aponta que:
- 38% dos entrevistados adotam práticas sustentáveis, contra 32% no ano de 2012.
- 24% dos consumidores conscientes têm mais de 65 anos
- 52% são das classes A e B (com renda entre R$ 5,4 mil a R$ 23,3 mil)
- 40% têm ensino superior completo
Segundo a pesquisa, a maior barreira a ser transpassada é o esforço, para 60% do entrevistados. Para 25% deles, o preço do produto era a maior barreira. “A pesquisa mostra que há desejo de ser muito mais sustentável, mas que ele não se realiza a contento.”, declarou o diretor-presidente da Akatu, Hélio Mattar.
No Brasil, a sustentabilidade está na lista de TOP 3 preocupações. Outro estudo, “Green is the new black” feito pelo Nielsen revelou que para 32% o consumo consciente está entre as três primeiras preocupações.
Segundo a Nielsen, o número de pessoas que afirmam manter práticas sustentáveis em casa é de sete milhões. A venda de produtos para hábito e atitudes sustentáveis já concentram 18,2% do setor de Higiene & Beleza.
Conforme o levantamento, os produtos mais consumidos:
- shampoo (29,9%)
- sabonete (24,1%)
- condicionador (22,5%)
Além da embalagem, o critério mais reconhecido pelo consumidor como sendo sustentável foi o de cruelty free. A prática tem taxa de crescimento 61% maior que produtos classificados como não sustentáveis. O grupo de ingredientes naturais é o que tem o maior ritmo de crescimento, com uma taxa de 124%.
Novo modelo de negócios
A Orgânico natural é uma empresa que tenta implantar esse maneira de fazer negócios. Ela é uma loja virtual com o foco em produtos sustentáveis.
Segundo a Orgânico natural, a empresa busca alternativas para o consumo consciente e saudável. Ao mesmo, a loja observou uma tendência a 10 anos atrás de demanda por produtos veganos no Brasil.
A comunidade vegetariana já soma 14% de brasileiros segundo a última pesquisa IBOPE. A loja, então, viu a oportunidade de abrir um negócio com um nicho específico.
“A tendência vem para ficar. Acredito que as demandas só vão aumentar”, Afirmou Jonas Lima, gerente de marketing da Suavetex – indústria de higiene bucal parceira da loja virtual.“Em uma economia que vai mal, os consumidores querem opções”, afirmou.
Outro modelo é de marcas já consolidadas. Em lista compilada pela revista canadense Corporate Knights, mostra-se as 100 empresas mais sustentáveis do mundo. A lista é divulgada todo ano, durante o Fórum de Davos
De acordo com a listagem, entraram o Banco do Brasil, em 8º lugar (contra o 49º em 2018), na melhor posição entre as empresas brasileiras; Natura, em 15º (14o em 2018); CEMIG, em 19º (18º); e ENGIE Brasil Energia, em 72º (52º).
Segundo os cálculos da Corporate Knights, a satisfação dos acionistas aumenta conforme as empresas desenvolvem práticas sustentáveis . Entre os anos de 2005 e 2018, as 100 empresas do ranking obtiveram um retorno de investimento de 127,35%, enquanto a média geral foi de 118,27%, de acordo com o índice MSCI All Country World Index.