O Mercado Pago anunciou, nesta quarta-feira (15), que criou uma linha de crédito de R$ 600 milhões para auxiliar pequenos negócios no Brasil em meio à crise da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
A divulgação do Mercado Pago vem à tona em um momento em que economistas já preveem que o País poderá passar pela sua maior recessão econômica dos últimos 100 anos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, diz acreditar que a atividade econômica do Brasil pode recuar 4% neste ano caso as paralisações continuem pelos próximos meses.
“Vamos retomar a originação com mais intensidade com o objetivo de apoiar nossos vendedores, na sua maioria micro e pequenos negócios”, disse o chefe de Crédito do Mercado Livre no Brasil, Pedro de Paula. “Queremos ajudá-los a atravessar este difícil momento e contribuir para preservar empregos.”
As medidas de contenção da pandemia dos governos estaduais e, por vezes, junto ao governo federal, tem sido no sentido de procurar pressionar a disseminação da doença, como o isolamento social. No entanto, as autoridades reconhecem que não estão sendo eficazes no auxílio financeiro aos pequenos negócios. Segundo o Sebrae, micro e pequenas empresas geram 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
Grandes instituições financeiras do País tem divulgado iniciativas como a postergação do pagamento de dívidas, no entanto, microempresários relatam que as linhas de crédito encarecem os negócios e estão ficando curtas. Na última quinta-feira (9), o Sebrae divulgou que 60% das pequenas empresas que buscaram empréstimos tiveram a liberação negada. A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 7 de abril.
Para o controlador do Mercado Pago, manter a viabilidade financeira do sistema econômico entre os pequenos negócios no Brasil, seu principal mercado, é de vital importância para a sustentabilidade do grupo.
De acordo com o presidente do braço do Mercado Livre em serviços financeiros, Tulio Oliveira, a linha de crédito que está sendo criada pelo governo federal com os maiores bancos não deve ser suficiente para auxiliar os menores empreendedores, já que é direcionada a empresas com faturamento anual entre 300 mil e R$ 10 milhões por ano, para o pagamento de folha salarial.
Saiba mais: Coronavoucher: Governo inicia pagamento do auxilio; confira calendário
“Há muitas empresas menores que não se enquadram nessa categoria e que têm necessidades diversas”, afirmou o executivo à agência de notícias “Reuters”, salientando que está participando de conversas com esferas do governo para tentar melhorar o suporte a pequenos negócios.
Segundo Oliveira, depois da forte queda inicial das vendas por causa da pandemia, o Mercado Livre enxerga uma retomada nos últimos 15 dias, em especial nos negócios que conseguem vender por meios eletrônicos. “Os demais estão em processo de aprendizado”, afirmou.
De acordo com o executivo, o Mercado Pago, entre outras plataformas digitais de serviços financeiros, estão em negociações para que o governo federal autorize que o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 mensais a pessoas em condição econômica mais vulnerável, medida conhecida como ‘coronavoucher’, também seja realizado por esses canais.