Mercado Livre (MELI34): VP rechaça inclusão da empresa em ‘dossiê’ contra varejistas estrangeiras

Após o governo preparar uma Medida Provisória (MP) que impõe restrições às grandes varejistas estrangeiras, como o Mercado Livre (MELI34), executivos das mesmas têm demonstrado oposição à ideia. “Acusar uma empresa sem prova é muito sério”, disse Fernando Yunes, vice-presidente sênior da varejista de e-commerce da Argentina, ao Jornal O Globo.

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Isso ocorre especialmente em meio a uma onda de investimentos das companhias no país, que viram um mercado próspero. O próprio Mercado Livre anunciou um aporte de R$ 17 bilhões no Brasil.

Diversas varejistas brasileiras alegaram concorrência desleal por parte da companhia e de outras como Shoppee, de Cingapura, e Alibaba (BABA34), da China.

Havia boatos que Luciano Hang, da Havan, era um dos principais empresários a fazer pressão contra as concorrentes estrangeiras.

A polêmica começou depois que Hang e outros empresários do varejo teriam enviado uma apresentação à Procuradoria Geral da República (PGR) com nome de “contrabando digital.

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O ato ocorreu em conjunto com associações representativas de setores como brinquedos, têxtil e confecções, eletrônicos e eletroeletrônicos.

O material citava o AliExpress, Wish, Shein, Shopee e Mercado Livre e denunciava o que seria um um suposto modelo de operação ilegal das plataformas de cross border.

As denúncias manobras de “construção de engenharia de como burlar a Receita”, além de subnotificação de preços e reetiquetagem na Suécia como forma de contornar os órgãos fiscalizadores. Hang negou, ainda nesse sábado, “ser contra as plataformas digitais”.

“O que eu, outros varejistas e entidades que representam a indústria e o comércio defendemos é que todas as empresas que vendem para o Brasil, tanto nacionais quanto de fora, sigam as mesmas leis e paguem os mesmos impostos”, escreveu Hang.

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Mercado Livre está ‘do lado do Brasil’

Yunes, do Mecado Livre, afirmou que é desleal tratar o Mercado Livre como uma estrangeira, considerando que 55% do negócio é brasileiro.

“Ter incluído o Mercado Livre nesse material todo que saiu é um anti-jogo. É muita desinformação ou é má-fé. Porque nós apoiamos e queremos também estas medidas, como tornar mais rígida a importação para pessoas físicas, abaixar talvez o valor o limite de US$ 50 (R$ 241)”, disse.

“Cerca de 95% da venda geral (no Mercado Livre) passam pela logística própria. E tudo que sai das nossas instalações é CNPJ do Brasil e tem nota fiscal. Nos outros 5% que não passam por nós, há lojas nacionais e uma pequena parte é de pessoas físicas”, seguiu.

O executivo também negou as acusações sobre subnotificação de preços, citando que a companhia investe US$ 100 milhões (R$ 482 milhões) para identificar anúncios irregulares, considerando cifras dos últimos anos.

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“Se a pessoa vende esporadicamente, está isenta de pagar imposto. Mas, a partir do momento que tem vendas diárias e recorrentes e se caracteriza como pessoa jurídica, o anunciante precisa abrir uma empresa”, defende.

Na sua visão, o Mecado Livre está mais do lado dos empresários que pediram mais regulação do que das concorrentes de fora, que abocanham cada vez mais market share.

“Sim. O Mercado Livre não se enquadra no questionamento levantado por parte do setor varejista. Estamos do lado dos empresários. Compartilhamos dos pleitos para endurecimento das regras de importação”, afirmou.

Apesar disso, negou sequer a possibilidade de entrar no pleto formalmente, via MP.

“Não nos atinge pois somos regulares. Caberia até alguma medida criminal contra difamação. Acusar uma empresa sem provas é uma coisa muito séria”, defendeu o executivo do Mercado Livre.

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Eduardo Vargas

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