O Mercado Livre (MELI34) está expandindo sua estratégia na chamada venda “1P” de eletrônicos e eletrodomésticos, quando uma empresa vende diretamente para o consumidor final através de uma loja online, informa o Valor Econômico. É uma concorrência direta com Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), que são consolidadas na área. As duas varejistas brasileiras tombaram nesta sexta (24) no Ibovespa.
O movimento do Mercado Livre ocorre após aportes recebidos nos últimos anos para aumentar investimentos e a crise da Americanas (AMER3), além dos resultados pressionados das varejistas brasileiras, que abriram espaço neste mercado.
“Queremos que o consumidor que já compra com a gente itens menores comprem também mercadorias pesadas, e isso acabará gerando um ciclo de venda recorrente”, afirmou Fernando Yunes, líder do Mercado Livre no Brasil, ao Valor.
Com isso, o Mercado Livre mira ser líder de vendas em eletrônicos no país. O Valor apurou que o movimento tem apoio da indústria, que visa reduzir a dependência do Magalu e Casas Bahia.
No entanto, para especialistas, ainda existe um receio de comprar no Mercado Livre produtos mais caros, devido a questões logísticas e de trocas.
Segundo o Valor, a iniciativa da empresa tem razões táticas, pois não há vendedores parceiros na plataforma do Mercado Livre tão representativos em eletrônicos e eletrodomésticos, o que torna interessante montar uma estrutura de 1P para ir ganhando mercado.
Lucro do Mercado Livre cresce 178,2% no 3T23
O Mercado Livre apresentou um lucro líquido de US$ 359 milhões no terceiro trimestre (3T23).
O resultado do Mercado Livre registra uma alta de 178,2% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, em meio ao aumento de suas receitas, inclusive no Brasil.
O Ebtida ajustado do Mercado Livre, que representa o lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização, somou US$ 820 milhões no 3T23, registrando crescimento de 108,7% em comparação com o 3T22. Já a margem operacional (Ebit) teve um avanço anual de 7,2 pontos percentuais, chegando a 18,2%.
A receita líquida da empresa de varejo totalizou US$ 3,8 bilhões no período, mostrando um crescimento de 39,8% em relação ao 3T22.
Em conversa com jornalistas, o vice-presidente sênior de desenvolvimento corporativo estratégico e relações com investidores, André Chaves, comentou sobre o balanço do Mercado Livre e ressaltou a “aceleração do crescimento de receita em percentual, tanto em e-commerce quanto fintech e nas principais geografias”.
Já as despesas operacionais chegaram a US$ 1,31 bilhão no 3T23, cerca de 24,76% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, que foi de US$ 1,05 bilhão.
“Todas as linhas de custos crescem, mas o negócio cresce muito mais rápido e as linhas de custo crescem de maneira disciplinada”, destaca Chaves.
E-commerce e participação do Brasil nas receitas
A receita líquida obtida do comércio eletrônico foi de US$ 2,1 bilhões no 3T23, com crescimento anual de 45,2%. O volume bruto de mercadorias vendidas no período registrou um aumento de 31,8%.
No marketplace, a representatividade do Brasil nas receitas do Mercado Livre passou a ser de 57% ao final do terceiro trimestre de 2023, com alta de 4 pontos percentuais em relação à igual etapa de 2022 (53%).
A carteira de crédito da varejista atingiu a marca de US$ 3,4 bilhões, registrando crescimento anual de 22,6%. Já a taxa atual de inadimplência de até 90 dias é de 10,6%.
Para o restante do ano, André Chaves tem boas perspectivas em relação às vendas da empresa, principalmente com o advento da Black Friday.
“Vamos fazer uma Black Friday forte como temos feitos nos últimos anos. A gente é uma empresa que historicamente foi crescendo nas datas promocionais, porque fazíamos pouco e fomos aprendendo onde é mais eficiente investir, onde vamos fazer mais apostas”, comenta o executivo do Mercado Livre.
Cotação
Nesta sexta-feira (24), os BDRs do Mercado Livre fecharam em alta de 1,26%, cotados a R$ 62,86.
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