O e-commerce está passando por um período de transição, diz o BTG Pactual. Segundo o banco, o setor está buscando um crescimento mais sustentável e equilibrado com a lucratividade, em meio a desafios econômicos e operacionais do mercado brasileiro. Neste contexto, o Mercado Livre (MELI34) é o top pick dos analistas do BTG.
“No Brasil, apesar dos melhores esforços dos players, e embora alguns possam apresentar um crescimento decente nos próximos anos, a maioria enfrentará um dilema entre crescimento e lucratividade”, afirma o BTG.
Analistas projetam um cenário de maior consolidação, mencionando que o crescimento do comércio eletrônico no Brasil está desacelerando, com taxas de crescimento muito menores em comparação com os anos anteriores.
Por exemplo, após subir 29% em 2021, o e-commerce brasileiro cresceu 3% em 2022 e 2% em 2023, e deve subir, em média, 16% ao ano até 2027 (contra 20% no período de 2015 a 2019) para R$465 bilhões (sem incluir plataformas de comércio transfronteiriço).
“Desde 2022, taxas de juros mais altas, impostos adicionais (Difal) e custos logísticos no Brasil e a necessidade das empresas de recuperar a lucratividade levaram alguns players a revisitar suas políticas de taxa de comissão”, afirma o BTG.
Segundo o banco, há quatro tendências para o comércio eletrônico brasileiro nos próximos anos:
- Menor crescimento do GMV, refletindo menor renda disponível e restrições de capital
- Foco na lucratividade, com menos ênfase em categorias não lucrativas, e preservação de caixa;
- Concorrência de alguns players internacionais, como Shein, Shopee e, no futuro, Temu;
- Mais consolidação de mercado entre alguns players, um processo que está acelerando.
“O e-commerce continua sendo uma aposta estrutural para nós, e preferimos exposição de longo prazo ao setor por meio de players horizontais com muito mais liquidez, sendo Mercado Livre nossa principal escolha”, conclui o BTG.
Empresas estão fugindo do “crescimento acima de tudo”, afirma BTG
Após um período de menor crescimento nos últimos três anos, as empresas de comércio eletrônico estão se afastando da mentalidade de “crescimento acima de tudo”, informa o BTG.
No entanto, algumas conclusões básicas para o setor, tanto no Brasil quanto globalmente, permanecem válidas. A lucratividade no comércio eletrônico é altamente competitiva, com a presença crescente de plataformas transfronteiriças e seus modelos de negócios disruptivos.
Para ter sucesso, diz o BTG, as empresas precisam construir um amplo sortimento de produtos, expandir o tráfego e oferecer níveis de serviço superiores tanto para vendedores quanto para compradores. “É essencial contar com os compradores para impulsionar as margens, e os serviços também são uma forma de se diferenciar em um mercado cada vez mais commoditizado”, diz o banco.
Mercado Livre: resultados do 4T23 vieram abaixo do consenso
O Mercado Livre (MELI34) registrou um lucro líquido de US$ 165 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23). Segundo a Genial Investimentos, a companhia reportou uma boa tendência de crescimento, tanto no e-commerce, quanto na fintech, mas os resultados vieram abaixo do consenso de mercado.
“Os números do trimestre foram impactados por despesas não recorrentes. Dado esse efeito, o resultado operacional e o lucro do período vieram abaixo de nossas expectativas e também abaixo do consenso”, diz a Genial.
O Mercado Livre reportou um volume de vendas consolidado de US$13,4 bilhões, alta de 40% na base anual. A performance do trimestre foi impulsionada pelo ritmo de crescimento de itens vendidos (crescimento de 29% a/a), que atingiu o maior patamar desde 2021.
No Brasil e no México, houve um aumento significativo no número de itens vendidos, com o Brasil registrando um aumento de 43% em relação ao ano anterior e o México um aumento de 47%.
Na Argentina, o Mercado Livre continua a crescer acima da inflação, com um aumento notável de 37% em relação ao ano anterior, impulsionado por uma tendência positiva no número de itens vendidos, que aumentou 22% em relação ao ano anterior.
A Genial recomenda compra para as BDRs do Mercado Livre, com preço-alvo de R$ 87,00.
Cotação
Nesta segunda-feira (11), as ações do Mercado Livre fecharam em alta de alta 2,4%, cotadas a R$ 64,44.
