Mercado Livre (MELI34): mesmo cauteloso com varejo eletrônico, banco recomenda compra das ações; veja por quê
Apesar das preocupações em relação à exposição do Mercado Livre (MELI34) na Argentina e a possível concorrência de plataformas transfronteiriças no Brasil, o BTG Pactual espera um crescimento significativo da empresa nos próximos quatro anos, recomendando a compra das ações e mantendo a posição do Mercado Livre como melhor escolha do setor.
“Embora ainda sejamos conservadores na exposição ao comércio eletrônico no ST [curto prazo], fatores como tráfego, sortimento e maior foco no nível de serviço continuam sendo fundamentais para o sucesso das plataformas de comércio eletrônico na América Latina”, diz o BTG.
A partir disso, analistas avaliam que a varejista leva grande vantagem frente às concorrentes do Mercado Livre. De acordo com o BTG, a empresa está sendo negociada a um múltiplo de 1,4 vezes o valor da sua transação bruta de mercadorias (GMV), projetada para 2023 e a um múltiplo de 4,2 vezes a vendas (EV/Vendas).
Além disso, a equipe do BTG projeta um crescimento significativo nos próximos quatro anos, com uma taxa composta anual de crescimento (CAGR) de lucro por ação (EPS) de 29%.
O BTG fixa preço de US$ 1.630,00 nas ações do Mercado Livre negociadas em Nova York.
FIDCs do Mercado Livre atingem o valor de R$ 7 bilhões
Segundo o BTG, a carteira de FIDCs (Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios), importante forma de financiamento do Mercado Livre, atingiu R$ 7 bilhões, registrando um crescimento de 2% em relação ao mês anterior e de 16% em comparação ao ano anterior. A carteira cresceu R$ 819 milhões no acumulado do ano.
Os NPLs (empréstimos em atraso) diminuíram 110 pontos-base frente ao mês anterior, representando 27% da carteira em junho, e o índice de cobertura consolidado foi de 300%, mantendo a tendência dos últimos meses.
Por fim, os NPLs em fase inicial (inferiores a 90 dias) apresentaram uma queda de 70 pontos-base ante ao mês anterior, totalizando 7,5% da carteira.
BTG vê sinais positivos no setor de crédito do Mercado Livre
Para o BTG, existem sinais encorajadores no desempenho do crédito nos últimos trimestres do Mercado Livre. “Vimos sinais encorajadores na frente de crédito em Qs (trimestres) recentes (ainda uma operação muito lucrativa para MELI, e com estágio inicial NPLs melhorando), com margens ainda crescentes)
Apesar disso, o banco ainda alerta para a base de clientes de baixa renda e falta de garantias na maior parte da carteira de empréstimos, o que os torna mais sensíveis a taxas de juros mais altas.
A originação de empréstimos, utilizando os FIDCs como parte do financiamento, registrou um crescimento de 26% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 3 bilhões.
Além disso, a carteira de crédito ao consumidor teve um forte crescimento, representando 56% da carteira total, e os cartões de crédito também apresentaram um crescimento significativo de 42% na base anual, representando 22% da carteira de crédito.
Os índices de atraso em relação à carteira de empréstimos vencidos há mais de 90 dias melhoraram, caindo para 28,2% (em comparação com 29,6% no quarto trimestre de 2022 e 14,2% no primeiro trimestre de 2022).
Mercado Livre vê lucro disparar mais que o triplo no 1T23
O Mercado Livre viu seu lucro líquido disparar 208% no primeiro trimestre de 2023 (1T23), um dos principais motores para esse crescimento foi o aumento das vendas na plataforma. A empresa encerrou o período com lucro de US$ 201,4 milhões, mais que o triplo na comparação anual.
No período, sua receita total alcançou US$ 3 bilhões na América Latina, crescimento de 58,4%, em moeda constante, e de 35,1% em dólar na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os três principais mercados mantiveram o crescimento da receita em dólar na comparação anual, com o México avançando 62%, Argentina 39% e o Brasil 26% – País que representa 52% da receita líquida da companhia.
O resultado operacional foi de US$ 340 milhões na América Latina, com margem de 11,2% e crescimento de 145,0% em dólar. O resultado operacional em dólar cresceu mais de 200% no México, 70% no Brasil e 57% na Argentina.
Já a receita líquida de fintech atingiu quase US$ 1,4 bilhão, crescimento de 40,1%, em dólar, e 64,3% em moeda local.
Entre os principais números do balanço do Mercado Livre, destacam-se os seguinte dados:
- Receita total de US$ 3 bilhões, alta de 58,4% em moeda constante ante 1T22;
- Resultado operacional de US$ 340 milhões na América Latina, crescimento de 145% em dólar ante 1T22;
- Lucro líquido de US$ 201,4 milhões, alta de 208,5% ante 1T22;
Cotação
De acordo com o Suno Analítica, hoje (18), os BDRs do Mercado Livre apresentam alta de 2,24%, ao preço de R$ 48,30.